Encarar a pandemia do Coronavírus é, praticamente, viver oscilando entre a esperança e o medo. A esperança que logo esse vírus perde força e vai embora. E o medo diário de sermos atingidos por ele ou de ver quem amamos sofrendo com os sintomas do Covid-19. E para as grávidas têm sido ainda mais desafiador. Basta uma passada rápida pelas redes sociais para encontrar diversos relatos de gestantes muito temerosas. E com razão: o vírus é novo, sofre mutações, e há tanto pesquisas que tranquilizam, dizendo que não afeta o bebê (caso a mãe seja exposta ao vírus), às que mostram que pode, sim, haver risco.
Diante de uma gangorra hormonal e de emoções, as gestantes acabam sofrendo ainda mais. E a apresentadora Mari Weickert, 38, mãe de Theresa, grávida de 36 semanas do Felipe, e que já passou também por dois abortos espontâneos, abriu o coração e falou sobre os sentimentos que a rodeiam nessa gravidez, com uma dose extra de bom humor e realismo.
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Veja na íntegra o relato da apresentadora:
“À quem interessar: A gravidez é um momento tão particular, tão íntimo, tão divino que é até difícil explicar. Acho que posso falar com propriedade: essa é a minha quarta gravidez, mas em outro momento e quando me sentir mais confortável, falo melhor sobre isso!
Enquanto grávida, sinto uma montanha russa de sensações: muito louco mesmo! Brinco, mas falando sério, que na gravidez acabo perdendo parte da minha dignidade (alô grávidas de plantão: tamo junto!). É um xixizinho que escapa numa risada espontânea, espirro então é fatal (!!!). A tentativa de cortar a unha do pé sozinha sem sucesso, é sentar no chão pra brincar com a minha filha e sem uma mão firme pra me ajudar a levantar, simplesmente não rola, fico largada ali no chão para todo o sempre. E depilar sozinha então?! Nem se fala, onde sempre tive “alta visibilidade”, hoje tem uma senhora barriga pra impedir a vista e meus movimentos. Pois é, a tal dignidade.. Tudo tão diferente de mim que (acho) que posso tudo sozinha!
Afinal de contas, sou uma super mulher, to gerando uma vida dentro de mim, me respeita!
Mas aí vem essa quarentena e escancara toda essa dependência além de milhões de reflexões necessárias na nossa cara.
Tentar descrever esse meu estágio? Dificílimo, vou começar soletrando simplesmente a palavra G-R-A-V-I-D-E-Z e ponto.
Hora me vejo a fortaleza mais impenetrável do planeta, hora o ser mais frágil e vulnerável do mundo. A mulher mais segura e certa de tudo que a cerca e hora uma menininha coitadinha amedrontada e cheia de incertezas.
Medo, muito medo.
Insegurança, muita insegurança.
Cansaço, muito cansaço.
Será que vou dar conta?
E a tal pandemia?
O que muda?
TUDO MUDA.
Ainda não temos estudos e dados suficientes pra assegurar a saúde ou a impermanência de alguma sequela no bebê.
Isso parte meu coração e me APAVORA.
As vezes, acho que estou exagerando e piro ainda mais me forçando a acalmar.
Nada mais legítimo que a piração de uma grávida, confiem!
Queria tanto poder ter a minha família e meus amigos mais perto nesse momento.
Claro que to frágil, poxa, to grávida!
Claro que to forte, poxa, to grávida!
E sigo assim, momentos de pico de lucidez e momentos que tudo desmorona.
Mas sigo firme e forte e vislumbrando um final lindo e feliz de conto de fadas (pois é, quem diria, euzinha aqui citando conto de fadas) não só pra mim, pro meu bebê que está chegando, pra minha família, mas pra cada uma de vcs: que seja exatamente assim … “e viveram felizes pra sempre.” Grávidas na Quarentena, tamo junto, mana! Deixo aqui meus beijos mais carinhosos e meus abraços mais apertados. Sigamos firmes e confiantes que tudo vai dar certo.
Será? (Ahh, são 3:26h da manhã. Sim, nós grávidas também temos muita insônia nessa reta final. É a cabeça fritando.)”