Foto: Arquivo pessoal

Ser mãe nunca foi um grande sonho. Sempre amei viajar e estava construindo minha carreira internacional em uma multinacional até os 35 anos. Eu era tão ocupada que não havia lugar para um bebê. Aos 33 anos e morando fora, me casei. Com 38 comecei a tentar engravidar. Já estava bem posicionada na carreira e havia viajado bastante, então era tempo de ter uma família. Passamos dois anos tentando ter um bebê e nada. Então, recorri a duas fertilizações in vitro, sem sucesso. Procurei uma das melhores clínicas da Europa, em Copenhagen, onde moro, mas não acontecia.

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O tempo passou, nos separamos e, já com 42 anos, repensei de novo no meu sonho. Tentei contatar a mesma clínica que fiz as fertilizações, e que foi a única que me aceitou para coletar e congelar os óvulos. Precisei insistir, pois  após os 40 anos, a possibilidade de engravidar é baixa e traumática. Decisão tomada, comecei um novo relacionamento. Meu namorado sabia do que estava acontecendo e eu continuei com a tentativa para ter o meu bebê.

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O impensável aconteceu
Depois de acordar com a clínica o início do tratamento de congelamento e revisar a qualidade boa dos meus óvulos, agendei a primeira consulta para começar com os hormônios. E então, para minha total surpresa, durante uma consulta por causa de uma gripe forte, a médica perguntou se a menstruação estava atrasada e fez o teste de urina. Quando a médica voltou, ela me olhou e disse: “você vai ser mãe”. Chorando muito, pedi a ela que refizesse o teste, pois não era possível que fosse verdade! Olhei para o céu e entendi que meu sonho estava ali.. comigo. Agradeci.
Desde que tive a vontade de ser mãe, assim como todas mulheres, sonhava em que fosse natural, mas não tinha mais esperanças…E agora eu estava com um bebê a caminho. Também fiz mais 8 testes de farmácia e em cada um deles chorava de novo.

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Todo cuidado é pouco

Nos três primeiros meses fui muito cautelosa, porque queria evitar ao máximo qualquer coisa que pudesse prejudicar a gestação. Parei até de ir à academia, coisa que fazia três vezes por semana. Continuei comendo muito bem, alimentos orgânicos e saudáveis, além de tomar as vitaminas importantes para a gestação e formação do feto. Lembro que ao sair daquela consulta já parei na farmácia e comprei ácido fólico. Passado o maior período de risco, que são os três primeiros meses, voltei para a academia e associei ioga. Mesmo fazendo tudo direitinho, durante os dois primeiros trimestres tive três sangramentos… Quase morri de preocupação, mas fora isso, meus nove meses de gravidez foram muito tranquilos. Não tive náuseas e ganhei somente 9,5 kg.

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A hora do parto

Aqui na Dinamarca é bem comum o parto normal e eu já estava certa que seria assim comigo. Fiz todos os exercícios para isso. Tive um incrível dilatação – 10 cm em 3 horas! Porém, a cabecinha da bebê estava para o lado. Tentamos durante 2 horas e meia fazê-la sair, mas não deu. E fiz cesárea. Chorei, e pedi ir para a água ou continuar tentando, mas naquele momento era o melhor a ser feito, segundo a equipe médica que me acompanhava.

Julia nasceu com 3.1 kg, no dia 17 de novembro de 2019, em Copenhagen. Fiquei una semana no hospital para apoio a amamentação. Hoje ela está com dois meses e meio e é uma bebê muito saudável e doce. Amamos este serzinho que me olha e me mostra o quanto valeu a pena tudo o que passei… Olhando para trás, para toda a minha história, vejo que tudo valeu a pena até aqui.

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Foto: Arquivo Pessoal

Vejo muitas mulheres sendo mães aos 40 anos ou mais. Também vejo outras tentando de tudo para realizarem esse desejo, assim como eu tentei. E tem ainda aquelas que não querem ser mães, que eu respeito. Para minhas amigas que ainda não têm filhos eu sempre digo: “faça e tente tudo o que você puder, tudo o que estiver ao seu alcance…. por favor”. Mesmo que você não queira ter filhos, veja se não seria interessante congelar os óvulos, porque o desejo pode bater. Infelizmente, eu não congelei antes dos 35 anos. E essa pode ser a única garantia para muitas mulheres depois dos 40 anos. Mas sonho é sonho. E o meu aconteceu. Então, sempre digo: lute por seus sonhos.

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Depoimento de Elaine Azevedo, fashion worker, 43 anos, de Copenhagen, Dinamarca.

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