motivaçãoO texto de hoje segue um caminho diferente. Não vou falar sobre gestantes, bebês ou maternidade. Mas, de certa forma, acho que muitos de vocês vão se identificar com ele, afinal, encontramos várias pedras ao longo do caminho e só somos o que somos por conta delas também. É uma oportunidade de refletir sobre a vida e as pessoas que cruzam nosso caminho. Pois bem. Esses dias no meio de uma faxina das bravas eu lembrei de pessoas que foram muito importantes em minha vida, seja pelo lado bom ou ruim. Isso mesmo: também aprendi com as pessoas que insistiam em me colocar pra baixo. Lembrei de um ponto muito marcante, de quando eu ainda estava no segundo ano da faculdade e arrumei um estágio na área de jornalismo. Era para ser assistente de produção numa produtora na cidade vizinha. Interessante como coisas tão simples marcam tanto! Na época eu ganhava R$ 400 por mês para trabalhar das 9 da manhã às 18 hs, com direito a uma hora de almoço, pagos por mim. Como a grana era muito curta, eu ia andando da estação até o trabalho, o que dava meia hora de caminhada de ida e de volta. Mas, como eu já não tinha tempo para fazer atividade física, afinal, saía do estágio e ia para o curso, encarei como uma forma de, pelo menos, caminhar diariamente. Eu gostava do emprego, gostava de aprender: fazia decupagens de vídeos e acompanhava os apresentadores em algumas gravações externas, onde anotava os créditos das fontes para mais tarde, serem colocados na tela.
Estava tudo correndo bem, até cruzar com uma pessoa que me fez chorar de raiva, de humilhação. Foi numa tarde de quarta-feira que o telefone tocou e era um dos apresentadores me dando uma baita bronca porque em um dos créditos eu havia trocado a letra “i” pela letra “e”. Sim, eu errei e assumi o erro. Mas o problema é que isso foi motivo para ele despejar sobre mim toda a sua raiva, sei lá de quem. Naquele dia ouvi a seguinte frase: “Você pensa que vai ser alguém na vida desse jeito? Com certeza nunca vai conseguir trabalhar num grande veículo”. Doeu. Como doeu! Fui direto para o banheiro chorar e fiquei lá por, mais ou menos, meia hora. Mas, passado esse tempo, fui invadida por uma coragem tão grande e que me fez querer provar para aquele sujeito e para quem precisasse que eu seria sim alguém na vida. E que conseguiria trabalhar em bons lugares sim! Enxuguei as lágrimas e decidi que não precisava mais encarar aquela situação. Pedi demissão e fui embora para casa, leve como nunca!
Meses mais tarde eu continuava na busca por um estágio em que eu realmente aprendesse a ser uma boa jornalista, cobrindo a área que fosse. E em meio a idas e vindas, fiquei sabendo que duas excelentes editoras tinham acabado de montar um escritório na minha cidade. Era a chance que eu precisava. Fui lá na porta delas pedir um emprego, nem que fosse para não ganhar nada, pois queria mesmo aprender. A primeira entrevista foi um fracasso! Saí de lá com a sensação de que não tinha dado o meu melhor e muito menos deixado a melhor impressão, o que ficou comprovado com a recusa da vaga. Parti então para outros estágios, mas sempre com uma pontinha de esperança de poder voltar à sala daquelas editoras. E a oportunidade aconteceu novamente quando uma amiga que estava trabalhando lá anunciou que tinha outros planos e que estava saindo. Pedi que ela me indicasse. E fui para a segunda entrevista, que deu super certo! Comecei a trabalhar no dia seguinte! Fui crescendo, como profissional e como pessoa, durante os quatro anos em que fiquei no escritório/redação.
Até que um dia uma conhecida precisou passar um freela para outra pessoa e me propus a fazê-lo. Ela amou o texto e me indicou para uma vaga numa revista bacana. Dias depois lá estava eu (e meu marido) mudando de mala e cuia para a grande São Paulo. O desafio era encarar uma redação com mais profissionais e novas atribuições. Foi ótimo. Aprendi mais um bocado! No entanto, com a crise, especialmente no mercado editorial impresso, sai de lá e a revista foi descontinuada. Mas eu não lamentei, não. Voltei para a minha cidade e ativei um projeto incrível que é escrever esse site. É o que eu mais amo fazer! E sabem o que é o mais legal? Todo esse aprendizado me fez ficar melhor como pessoa e me deu também a oportunidade para conhecer outras pessoas incríveis, que acreditam no meu trabalho. Por isso, hoje me divido entre o site e os freelas que faço para revistas femininas, além de projetos com médicos.

Olhando para trás, sinto muito orgulho de tudo o que conquistei e queria muito encontrar novamente aquele sujeito que me humilhou. Eu iria pegar na mão dele e agradecer por aquelas palavras terem sido o trampolim que eu precisava.
É… nem sempre o impulso vem dos elogios. Um abraço com carinho a todos vocês!