Depois de várias tentativas de engravidar naturalmente, já passa pela sua cabeça fazer uma fertilização in vitro. Mas você não sabe nem por onde começar. Um bom primeiro passo pode ser entendendo como funciona a técnica e quais são os fatores para a indicação do procedimento. Há dois tipos de indicação: por fatores femininos e por masculinos. No primeiro caso, é quando existe obstrução e alterações graves das tubas uterinas, baixa reserva ovariana (quantidade e qualidade dos óvulos, principalmente decorrente da idade reprodutiva avançada), endometriose, abortamento de repetição, falha de tratamentos de infertilidade menos complexos como inseminação intrauterina. Já no fator masculino, são as alterações graves do sêmen, como baixa quantidade de espermatozoides, redução importante da motilidade (grau de movimentação) e formato inadequado do pênis.
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Só depois de identificar um desses fatores, o médico pode sugerir a fertilização, que na prática tem basicamente 4 etapas. Quem explica é o ginecologista Renato Tomioka, especialista em reprodução humana, da clínica Vida Bem Vinda, em São Paulo:
1. Estimulação ovariana É feita com medicamentos injetáveis (hormônios), geralmente a partir do início do ciclo menstrual. O objetivo é desenvolver os folículos, que contém os óvulos, até o tamanho ideal para maturar estes óvulos e programar a coleta. Esta etapa dura cerca de 10 dia e são feitos controles de ultrassom para verificar o ritmo de crescimento dos folículos e ajustar a dose dos medicamentos, de maneira que alcance a melhor taxa de gestação possível.
2. Coleta dos óvulos e espermatozoides É feita no laboratório de reprodução humana. Para coletar os óvulos, é realizada a punção dos ovários com agulha delicada, após sedação. Todos os folículos são aspirados e o líquido é avaliado pelo embriologista, que deve manipular os óvulos, retirando impurezas e células impróprias. O procedimento dura cerca de 20 minutos. O sêmen é então colhido através da masturbação. Para homens que não tem espermatozoides no ejaculado, como vasectomizados e aqueles com doenças que comprometam a produção e liberação dessas células, uma opção é fazer coleta diretamente na região dos testículos para obter então os espermatozoides.
3. Fertilização in vitro propriamente dita e desenvolvimento embrionário Com os óvulos e espermatozoides no laboratório, o embriologista realiza a fertilização com 2 técnicas. A fertilização clássica é uma simulação do que aconteceria na tuba uterina durante a concepção natural: diversos espermatozoides ao redor do óvulo. Já a injeção intracitoplasmática de espermatozoides é uma técnica que há mais de 20 anos melhorou as taxas de fertilização em casos de alterações graves do sêmen. Ela é feita com a injeção de um espermatozoide dentro do óvulo, facilitando a entrada com uma agulha de cristal. Os óvulos fertilizados são colocados em incubadoras rigorosamente controladas e a evolução dos embriões é avaliada diariamente através da contagem do número de células, simetria entre elas e grau de fragmentação, parâmetros que permitem estimar a taxa de gravidez de acordo com a qualidade de cada um deles.
4. Transferência de embrião Os embriões ficam de 3 a 6 dias na incubadora e após esse tempo, são selecionados aqueles que serão transferidos para o útero da mãe. Essa etapa é indolor. A mulher fica em posição ginecológica, com a bexiga pouco cheia para permitir a visualização ultrassonográfica, e o médico introduz um cateter delicado para depositar os embriões dentro da cavidade endometrial. A mulher tradicionalmente fica em repouso por 15 minutos. O teste de gravidez é feito após cerca de 10 dias.
* Publicado originalmente em 3 de fevereiro de 2014