Em 2013 eu e meu marido começamos as tentativas para engravidar. E durante os exames específicos que são pedidos ao casal, foi diagnosticado que os espermatozoides dele tinham alta taxa de mortalidade, podendo não ser possível que eu engravidasse naturalmente dele. Foi verificado também que nosso tipo sanguíneo não era compatível, o que poderia trazer riscos caso eu chegasse a engravidar. Por esses motivos, logo de cara já foi rejeitada a opção de uma gravidez natural. E, convencida pelo médico, iniciei o tratamento com as injeções de imunoglobina Rh. Passadas as sessões do tratamento, fui encaminhada para a minha primeira inseminação artificial.
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A vontade de engravidar e ser mãe era gigante, porém o momento parecia não ser o mais favorável: naquele período eu estava vivendo uma avalanche de emoções, pois meu pai estava muito doente. Tanto que, dois dias depois após a inseminação, ele veio a falecer. Aquilo mexeu muito comigo e simplesmente não consegui ficar conectada com aquele processo da inseminação. O choque de perder meu pai foi tão grande que eu nem pensava mais no bebê. O procedimento não deu certo e hoje vejo que aquele não era o tempo certo mesmo. Eu não estava conectada ao meu corpo como deveria.
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Estaria eu grávida?
Meses depois, repetimos o processo e, mesmo sendo um conselho dos médicos aguardar 2 semanas para fazer o teste, eu simplesmente não conseguia esperar. A ansiedade era mais forte que eu. E na primeira semana após o procedimento, lá estava eu com meu estoque de testes comprados. Passados oito dias, fiz o teste e apareceram os tão sonhados dois tracinhos! Eu era só felicidade! Saí espalhando a notícia para todo mundo! Meu marido também dava pulos de alegria. Chegamos com sorriso de orelha a orelha no dia de fazer o ultrassom que nos mostraria os batimentos cardíacos do bebê. Porém, não havia mais batimentos, e saímos daquele consultório arrasados. Tudo ao nosso redor parecia girar e não sei nem como chegamos em casa aquele dia. A frustração foi muito grande!
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Quatro embriões e diagnósticos confusos
Como eu já tinha bons embriões colhidos, fomos para a segunda fertilização. Só que os quatro embriões, que os médicos disseram ser ótimos, não resistiram ao tratamento. E o pior é que eu nem sabia que havia essa possibilidade de não dar certo. Achei que foi um erro da equipe médica não terem me avisado sobre o que poderia acontecer. Fiquei muito frustrada com a equipe, e resolvi não continuar mais com eles. Eu e meu marido procuramos um outro profissional, fizemos mais exames, contamos toda a história novamente… Era uma via crucis. E depois de tudo, de analisar todos os exames, o profissional disse que não havia nada que apontasse que eu deveria ter feito uma inseminação ou partir para a fertilização in vitro. Ela disse que realmente o meu marido tinha o problema, mas que só precisava de um sêmen bom para engravidar e que ele poderia tomar remédio e melhorar isso.. E indicou também a ultrassom seriada que mostrava o dia da ovulação naquele ciclo, aumentando as chances de gravidez natural. E não é que deu certo?! Mas, infelizmente aquela alegria toda da descoberta do positivo durou pouco, já que o exame de Beta HCG despencava ladeira abaixo com o passar do tempo. E veio mais uma frustração, um novo aborto espontâneo. Cheguei a fazer o acompanhamento com a mesma profissional por mais um tempo, porém, acabei mudando novamente.
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A incansável busca por profissionais humanizados
Eu buscava um médico que me acolhesse e que me passasse total segurança. Até então, todos os que eu havia conhecido era por indicação ou pura ansiedade de encontrar logo um médico que me ajudasse. Com bastante receio, mas com muita fé e esperança, conhecemos a terceira especialista. Mais uma batelada de exames, comecei o processo da fertilização e fiz a coleta de 12 embriões. Só que essa profissional só fazia a fertilização se eu fizesse o estudo genético de cada embrião! E foi o que fizemos. Gastamos uma fortuna para assegurar a qualidade dos embriões implantados. De todos aqueles, apenas 5 estavam saudáveis, os outros tínhamos síndromes, segundo a médica nos informou.
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Sabendo quais eram os embriões bons, fizemos a transferência e eu engravidei. Fiquei mais tranquila, porém ainda muito insegura. Passei os 15 dias pós descoberta da gravidez em casa. Repousei, fiz tudo como se deve. Porém eu tinha muita cólica. A médica dizia que era normal do procedimento. Foi quando comecei a ter sangramento e mais dor. Novamente eu estava passando por um aborto espontâneo. Dessa vez meu marido não pode ir junto comigo. Saí de lá acabada. Eu só queria chegar em casa e deitar. Quando meu marido chegou eu contei e ficamos os dois muito tristes. Fiquei traumatizada com os procedimentos e resolvi aguardar seis meses para me recuperar.
Mas essa cólica é mesmo normal?
Eu não estava me reconhecendo nem emocionalmente e nem o meu corpo. Eu estava inchada, estranha. E passei também a fazer terapia e a ame cuidar mais. Foi quando resolvi tentar o procedimento novamente numa clínica de referência em São Paulo. Era a quarta vez! Vim de mala e cuia de Recife para Ribeirão Preto (SP) com a minha mãe, porque eu sabia que ia precisar dela. Passei 15 dias em São Paulo e fiz todo o processo, que incluiu a retirada de 9 óvulos. Antes da implantação, meu marido veio para colher o sêmen e seguimos em busca de um bom embrião. Nesse meio tempo, eu só chorava.
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A ansiedade tomava conta de mim. Eu tinha estoque de teste de farmácia em casa! E novamente descobri uma gravidez, só que a quantidade de hormônio do Beta HCG em vez de aumentar, começava a diminuir. Eu estava revivendo aquele triste filme…Foi mais um baque. Mais uma vez. Só que essa equipe de São Paulo me acolheu muito bem, e isso me motivou a tentar novamente. Três meses depois, eu estava grávida novamente! E pela primeira vez, consegui escutar os batimentos cardíacos daquele bebê que eu gerava. E depois escutei novamente na segunda ultrassom! Foi tão incrível! Só que na terceira vez, a médica não conseguia escutar o coração. Ela dizia: “Não estou conseguindo escutar, me desculpe”. Mas eu pedia: “tenta mais uma vez, por favor!”
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Mais uma perda, a mudança de vida e uma inesperada gravidez natural
Passados os dias, optei por ver se o feto seria expelido por completo. E ele foi saindo aos poucos. A experiência foi muito dolorosa e eu resolvi não tentar mais. Se tivesse que ser, seria. Resolvemos entregar nas mãos de Deus e mudar de vida completamente! Estávamos tão mexidos emocionalmente, que resolvemos mudar tudo! Fomos morar fora do país, sem cobrança, tentando refazer nossa vida! E para nossa surpresa, depois de cinco meses vivendo no Canadá, eu engravidei! Sim, eu tinha relações nos períodos certos, não vou mentir: mas não me cobrava mais por conseguir ou não engravidar. Eu queria muito, claro, mas com a tranquilidade que viria no tempo certo. E foi ao olhar melhor para dentro de mim que passei a cuidar mais da minha alimentação, saúde, comecei a fazer atividade física. Tudo isso contribuiu para o meu positivo que, pela primeira vez deu certo! Estou na 25ª semana de gestação e, se Deus quiser, em maio nasce o tão esperado Nicholas! Falo com toda segurança do mundo que a fé é a única coisa que quem pretende engravidar nunca deve abandonar. Porque eu sou prova que os avanços tecnológicos e da medicina estão aqui para nos ajudar, mas nem sempre eles funcionam. Vejam bem: depois de cinco perdas, diversos procedimentos e de desembolsar cerca de 100 mil reais, engravidei naturalmente justamente no momento em que resolvi aquietar meu coração e confiar que se fosse para ser, seria!
Depoimento de Polliane Felix de Andrade, contadora, 39 anos, de Bozeman, Estados Unidos. Acompanhe a rotina de Polliane nesse perfil.