Nasceu há quatro meses o primeiro bebê fruto da barriga solidária de filha para mãe. Já havia casos no Brasil de irmãs e amigas que fizeram a barriga solidária, mas o caso de Jéssica Siedra, 22, e a mãe, Andréia Carrasco, 44, é inédito por aqui. Vale dizer, antes de mais nada, que a prática é permitida pelo Conselho Federal de Medicina, com a resolução nº 2.168/17, que diz que a cedente temporária de útero deve pertencer à família de um dos parceiros, em parentesco até 4º grau, sendo que os demais casos estão sujeitos à autorização pelo CFM.
O pequeno Rafael é fruto de uma Fertilização In Vitro, que usou os óvulos de uma doadora anônima e o sêmen do marido de Andréia, o pai da criança. O procedimento todo foi feito em laboratório, e Jéssica recebeu o embrião, que se desenvolveu perfeitamente e com saúde. O sonho de toda a família era ter um bebê em casa, então, em comum acordo, eles seguiram com os planos da barriga solidária.
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Essa história começa lá atrás: há exatos 12 anos. Na época, Andréia Carrasco tinha 32 anos e tentou engravidar pela segunda vez, porém sem sucesso. “Para minha surpresa e tristeza, descobri que estava em falência ovariana precoce – a famosa menopausa precoce. E isso minou todas as possibilidades de engravidar naturalmente. A única solução para que eu realizasse o sonho de ser mãe novamente seria através da Fertilização In Vitro e com óvulos doados de outra mulher”, conta aos Mãe aos 40. Na época, o marido de Andréia não entendia esse tipo de procedimento. O tempo passou e, depois de alguns anos, eles se separaram. Mas o desejo de ser mãe novamente nunca foi esquecido. “Me casei de novo e meu atual marido, o Rogério, 46, não tinha filhos. Mas sonhava em ser pai. Eu já havia deixado claro para ele que eu não poderia ter mais filhos. Mesmo assim, ele quis se casar comigo e disse que se fosse da vontade de Deus, conseguiríamos ter nosso filho. Se não fosse, seguiríamos nossas vidas normalmente”, diz.
Todos os membros dessa nova família desejavam um bebê em casa: Jéssica pedia um irmãozinho desde muito pequena. Rogério sonhava em ser pai, e Andréia nunca desistiu da vontade de ser mãe novamente. Foi quando ela resolveu procurar uma clínica de reprodução humana. E iniciou ali todas as tentativas para engravidar naturalmente. “Tomei inúmeros medicamentos para fazer o meu endométrio voltar a ficar espesso a ponto de poder receber um embrião, mas infelizmente não tive sucesso. Meu endométrio, ovários e útero estavam atróficos por conta da falência ovariana precoce. Foram longos 9 meses de tratamento, idas e vindas à clínica para passar em consulta e fazer ultrassons que me deixavam cada vez mais sem esperanças.” Andréia conta que ela e o marido até chagaram a entrar na fila da adoção, mas não sabiam quando teriam a oportunidade de terem, de fato, uma criança em seus braços.
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O médico foi direto ao ponto e falou que havia duas chances de gravidez: uma através do transplante de útero – cirurgia que Andréia achou arriscada demais – e a barriga solidária. As duas opções, no entanto, estavam fora de cogitação para Andréia, que não conhecia ninguém que poderia aceitar ser sua barriga solidária. Mas, ao ouvir o médico, a filha de Andreia se dispôs prontamente a ser a cedente de útero. Andréia relutou e disse que não aceitaria. Mas, depois de muita conversa, tanto ela quanto o marido viram que Jéssica estava mesmo muito decidida a realizar o sonho da mãe. “Muitos não entendem e acham que é uma loucura. Mas eu só tenho uma coisa a dizer: o amor vence barreiras! Graças a Deus tenho uma filha maravilhosa, que se comove com a dor do próximo, que tem empatia, e que faria isso por uma amiga, tia ou prima. Tenho muito orgulho dela!”, diz Andréia.
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O procedimento de transferência de 2 blastocistos foi feito no dia 14/11/18 para o útero dela, sendo que apenas um se desenvolveu. Apenas cinco dias após a transferência, foi feito o teste de gravidez e, para alegria de todos, deu positivo! “No outro dia ela fez o exame de sangue o Beta e o resultado positivo foi confirmado”, conta a mãe. A gravidez evolui muito bem e a família seguiu à risca as indicações médicas. Jéssica também passou com psicólogos durante toda a gestação e também após o nascimento do bebê. Ela continuou firme na convicção que estava gerando o irmão, realizando assim o sonho de toda a família. “Graças a Deus, ao avanço da medicina e especialmente à minha filha, eu pude realizar o sonho de ter mais um filho. Nossa família nunca esteve tão feliz, completa e realizada”, conclui Andréia.
Quer acompanhar o dia a dia dessa família? Siga Andréia Carrasco no Instagram: @mamae_por_barriga_solidária
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