mãe mais velhaVocê priorizou os estudos e a carreira e faz parte do grupo das mães maduras, uma tendência cada vez mais atual. No entanto, percebe claramente que algumas pessoas te olham torto no ambiente escolar do seu filho ou até mesmo em seu grupo de convivência? Você não está sozinha.

Em nossa experiência, algumas mulheres que se tornam mães mais velhas relatam sentir certo embaraço em estar num local onde as outras mães são mais novas ou têm filhos já mais velhos ou então não pensam ainda em ser mães. É como se faltasse uma identificação desta mulher em algum grupo, fazendo-a se sentir diferente e excluída. Assim, o sentimento de exclusão leva a mulher a se sentir como uma estranha, a isolar-se e a se fechar cada vez mais, vivenciando essa maternidade de forma solitária, o que não é nada bom. Mas, nem sempre esse sentimento tem ligação com a situação real, ou seja, as vezes essas mães se sentem diferentes e excluídas, mas nenhuma das outras mulheres, de fato, estão promovendo tal atitude. O ser humano, naturalmente, tende muito a fazer uma leitura da realidade conforme seu mundo interno.

Antes de se sentir isolada ou perdida devido à maternidade tardia, veja os nossos conselhos:

Mães mais novas e mais velhas estão em todos os lugares
Provavelmente você encontrará na maternidade gestantes e puérperas mais novas que você, por compartilhar o tema comum da maternidade, mas existem muitas outras na mesma situação. Se você está na fase da gestação vale observar se estes sentimentos de incômodo já estão presentes, pois é muito raro que tal desconforto não tenha aparecido em situações semelhantes, onde encontrou outras gestantes mais novas. O principal é ficar atenta ao que está sentindo (tristeza? preconceito? vergonha? medo?).

Abra o jogo com as pessoas de sua confiança
Diante disso, uma dica que damos é que você tenha alguém de confiança para que possa ser acolhida e conversar a respeito do que sente, já que os sentimentos não deixarão de existir por não gostarmos deles. Assumir sua posição de mãe e pense também nos benefícios que esta realidade oferece. Se achar necessário, procure por canais na internet em que pode-se buscar ajuda com pessoas que passarem e sentiram as mesmas coisas. Nesses grupos e as rodas de mães e de conversa você verá como é mais fácil identificar-se com quem está vivendo a mesma realidade e ficará mais fácil expor o sentimento de exclusão. Se sentir necessidade, vale também procurar um profissional.

Dê tempo ao tempo e entenda que o novo sempre causa estranheza
É importante saber que tudo aquilo que é novo provoca estranheza, ansiedade e medo. E tem ainda um tempo psíquico para acomodação, isto é, para aquilo ser encarado na consciência de uma forma mais realista, com menos fantasias e temores. Esse processo de conhecimento faz a situação não ser mais vivenciada como nova, o que facilita na criação de estratégias cada vez mais saudáveis para enfrentar situações que antes provocavam enorme desconforto e sofrimento.

Bom humor ajuda muito!
Existem mulheres que ao se verem como a mãe mais velha do berçário e/ou maternidade, usam do bom-humor como estratégia de enfrentamento, brincando com isso e conversando com as outras mães, contando sua história pessoal sobre os motivos de ter se tornado mãe mais velha. Essa atitude tende ajudar muito, pois as mães mais novas admiram o fato dela ter conseguido investir em sua carreira e agora terem mais estabilidade financeira e experiência de vida. O importante é se relacionar e não ter medo de assumir a identidade materna.

Quando as amigas não querem ter filhos ou já têm filhos grandes
Caso as amigas já sejam mães ou não queiram ter filhos, respeite a fase delas, assim como deseja-se que respeitem a sua. Aproveitar a experiência de algumas para trocar informações e tirar dúvidas é muito benéfico e reconfortante. Mas, se ainda houver uma situação de mal é aconselhável abrir o jogo, favorecendo um diálogo e uma boa comunicação.

Luciana Romano e Raquel Benazzi são psicólogas formadas pela Universidade Mackenzie, que integram o Núcleo Corujas, e têm experiência no trabalho com gestantes, psicoterapia de luto e trabalho de defesa da mulher.