Laura-Gutman

Inspiração para milhares de mães, a terapeuta argentina Laura Gutman conversou com o Blog Mãe aos 40, em passagem pelo Brasil. Olhem só!

Mãe aos 40 – Qual o seu conselho para a mulher que já é madura, tem estabilidade financeira, no entanto, ainda está a caminho da maternidade, como as leitoras do Mãe aos 40?

Laura Gutman – Eu nunca dei a ninguém qualquer conselho. Cada pessoa tem que lidar com sua própria jornada pessoal, gerar profundos questionamentos e obter para si respostas mais honestas. Se uma mulher decide ter um filho mais tarde, vai ser um desafio completamente novo e vai exigir o máximo de disponibilidade emocional, abertura espiritual e generosidade. Mas isso acontece com a maternidade em qualquer idade e em qualquer circunstância.

Mãe aos 40 – Ouvimos dizer que a maternidade é uma experiência transformadora e que torna a mulher um ser melhor. Você concorda com isso?

Laura Gutman – Não necessariamente. As pessoas não mudam porque eles têm um parceiro, têm filhos, trabalho ou porque perdem alguém querido. A mudança pode acontecer se você estiver realmente disposta a mudar em favor dos outros. Às vezes, a presença dos filhos tira de nós a nossa pior violência, a nossa impaciência e nossa fúria, que estavam presentes em nós desde a infância, como resultado de experiências muito duras. Com efeito, a presença das crianças mostra o que é verdadeiro em nós. Mas a transformação requer um importante compromisso, o resultado de uma decisão pessoal.

Mãe aos 40 – Quais dicas ou conselhos práticos você daria para as mães de primeira viagem que estão inseguras?

Laura Gutman – Como eu disse antes, não dou conselhos de qualquer espécie, porque eu acho que infantilizam as mulheres . Se uma mulher é insegura, você pode olhar para dentro. Você pode fazer um passeio de sua vida humana, você pode tentar compreender melhor toda a sua vida, seus recursos, seus obstáculos, suas ilusões ou crenças … porque o que acontece sobre a maternidade é a mesma coisa que acontece em outras áreas de sua vida.

Mãe aos 40 – E para a mulher que teve um filho, mas retornou ao ambiente de trabalho e passa pouco tempo com a criança. O que você diria? 



Laura Gutman – O trabalho não faz mal a relação mãe-filho. A única coisa que dói na relação entre mãe e filho são nossas próprias deficiências afetivas e emocionais. É verdade que as mulheres costumavam trabalhar como um abrigo para evitar ser sugada para a intensidade emocional de nossas crianças. Mas, novamente, o trabalho não é amor predador de laços. Só a nossa história emocional com infâncias abandonadas ou violentas, ameaça a habilidade de cuidar, amar e se fundem em território emocional de crianças pequenas.

Mãe aos 40 – A falta de tempo com o filho pode ser compensada pela qualidade que se tem quando está com a criança ou é uma fase que se perde, sem retorno? Como encontrar um meio termo?

Laura Gutman – Um relacionamento amoroso não é medido por meio de cálculos matemáticos. Eu não sei o que é uma média. A única medida é a necessidade da criança. Se ajustado e feliz, então as mães são capazes de satisfazê-la. Se a criança não é confortável, isso significa que o que fazemos não é suficiente para a criança.