fertilidadeCongelar os óvulos está se tornando uma prática cada vez mais comum, já que preserva a fertilidade. Por isso, as mulheres na faixa dos 30 anos e que não pretendem ter filhos tão cedo estão pensando seriamente no assunto. Mas você sabe como funciona a técnica? O ginecologista Marcello Valle, especialista em reprodução humana, da Clínica Origen, no Rio de Janeiro, contou tudo nessa entrevista! Olha só:

1. Como funciona a produção de óvulos na mulher? 

A mulher já nasce com todos os óvulos que irá ovular durante a vida, mas antes mesmo de entrar na puberdade parte deles é perdida. Daí a cada ciclo menstrual alguns folículos que envolvem os óvulos e estavam em repouso são recrutados e se desenvolvem, amadurecendo o óvulo, que ganha a capacidade de ser fertilizado e formar um embrião. Só que na maioria das vezes um único folículo se desenvolve, então apenas um óvulo amadurece, inibindo o crescimento de outros que são perdidos naquele mês. É aí que entram os tratamentos de reprodução assistida que por meio da medicação faz com que vários folículos sejam desenvolvidos, obtendo vários óvulos naquele mês de tratamento.

2. Qual é a função do congelamento de óvulos?

O objetivo da técnica é preservar a qualidade e fertilidade dos óvulos. Então uma mulher que fez o congelamento quando tinha 35 anos, por exemplo, e decide usar os óvulos pouco depois dos 40 anos terá praticamente as mesmas taxas de gravidez que uma mulher de 35 anos.

3. Como funciona o procedimento?

Durante um período de nove a 12 dias ela usa medicamentos à base de hormônios aplicados na pele que vão levar à estimulação ovariana. Nesse período são feitas cerca de quatro ultrassonografias para acompanhar a resposta ovariana ao estímulo hormonal. Por fim, com a paciente sedada é feita uma punção ovariana guiada por ultrassom transvaginal e os óvulos aspirados são avaliados para saber se estão maduros. Só então eles são submetidos ao congelamento.

4. Qualquer mulher pode fazer o congelamento de óvulos?

O tratamento é indicado mulheres que pretendem adiar a gravidez, têm histórico familiar de menopausa precoce ou as que estão em idade reprodutiva, mas vão passar por procedimentos que comprometem a sua reserva ovariana como quimioterapia, radioterapia e cirurgias que envolvam o ovário.

5. Existe um limite de idade para congelar os óvulos?

O ideal é que o congelamento seja feito antes dos 36 anos, pois com o passar dos anos o estoque de óvulos vai esgotando e eles perdem qualidade diminuindo as chances da mulher engravidar e aumentando o risco de abortos espontâneos e de o bebê nascer com síndromes como a de Down, sendo que ao entrar na menopausa esse estoque fica zerado.

6. O método é seguro?

É sim. Nos últimos anos o procedimento deixou de ser experimental e tornou-se seguro e eficaz. Durante o tratamento o risco de complicações como sangramento ou processo infeccioso é menor que 1%, já as chances de malformações em embriões formados por óvulos congelados são as mesmas dos gerados por óvulos frescos.

7. Quantos óvulos devo congelar?

Estudos mostram que entre dez e 12 óvulos devem ser congelados a fim de proporcionar uma boa taxa de gravidez futuramente.

8. Hoje em dia qual técnica de congelamento é mais usada?

A mais realizada e que oferece melhores resultados é a vitrificação, um processo que utilizada altas concentrações de substâncias que protegem o óvulo, além de levar a um resfriamento muito rápido, o que evita a formação de cristais de gelo durante o processo.

9. Com os óvulos já congelados é preciso fazer algum tipo de manutenção?

Sim. Para que os óvulos sejam mantidos de forma saudável e segura é preciso pagar uma taxa mensal, semestral ou anual enquanto eles estiverem congelados, que varia de acordo com a clínica.