Nilma, com o filho, Josué, nos braços (Foto: Arquivo pessoal)

Convivo com meu marido há 20 anos, e desde sempre, tenho desejo de ser mãe. Usei contraceptivos apenas nos primeiros 5 anos de relacionamento, mas depois liberei o método, na esperança de engravidar logo. Pensava: “vou deixar rolar e no momento certo o bebê chega”. Só que o tão desejado filho nunca chegava. Anos se passaram e, finalmente, em 2007, tive a oportunidade de passar com um médico especialista em reprodução e que descobriu o que os outros não viram: eu estava convivendo com a endometriose. Descoberto o problema, fiz uma laparoscopia e passei a tomar medicamentos para ativar ovulação, porém, todas as tentativas de gerar um filho foram frustadas.

Estava muito desgastada mentalmente com o fato de não ver nenhum resultado. Todo teste dava negativo. A menstruação irregular também não ajudava e, ainda por cima, me enchia de esperanças a cada mês que não vinha na data prevista. Com tudo indo contra a minha vontade, cheguei a me conformar que não havia nascido para ser mãe.

“Minha filha escrevia cartas pedindo um irmão. Ela me encorajou a ser mãe aos 40”

O tão sonhado positivo chegou. E eu simplesmente não acreditei!

Mas meu dia chegou! Depois de tantos negativos, que se tornaram já esperados a cada teste, o sonhado positivo apareceu! Mas, não caiu minha ficha e achei que fosse só uma pegadinha do teste. Realmente não estava acreditando! Fiquei tão empolgada que nem dormi naquela noite. Ao acordar, corri fazer o exame de sangue para confirmar, e o resultado foi positivo. Estava muito feliz, mas ainda incrédula. Então, para ter certeza fiz um ultrassom transvaginal, que concretizou: eu estava mesmo grávida. E, assim, no Natal de 2014 para 2015 eu estava gerando o meu maior presente!

Passadas as festas de fim de ano, em janeiro de 2015 fui fazer minha primeira consulta com o obstetra e durante o a ultrassom, veio a segunda grande surpresa: eu estava esperando gêmeos! Mas, para nossa tristeza, com 12 semanas, quando fui fazer o morfológico, infelizmente não havia mais batimentos cardíacos. Precisei ser internada para fazer o procedimento da curetagem e saí de lá arrasada, me questionando o motivo de tudo aquilo. Eu havia esperado tantos anos para gerar um filho, passei pela oportunidade de gerar dois, e de repente, não tinha mais nenhum.

“Graças à barriga solidária da minha filha, me tornei mãe novamente, aos 44 anos”

Nilma, grávida do filho, Josué (Foto: Arquivo pessoal)

Juntando os cacos
Passados seis meses da curetagem, resolvi tentar engravidar novamente. Só que estava extremamente sensível e ainda com as cicatrizes das perdas anteriores. Perguntava a Deus quando chegaria minha vez. Eu estava com 39 anos e passei a questionar também se seria capaz de engravidar naturalmente naquela idade. Mas, mesmo com poucas forças, ainda restava um pouco de esperança. Meus exames e os do meu esposo estavam todos normais e, aparentemente, nada nos impediria de sermos pais.

As respostas para aqueles questionamentos que eu fazia com frequência, viram no ano de 2016, quando meu pai foi diagnosticado com linfoma e tive que dedicar quase todo o meu tempo cuidando dele, que faleceu em novembro do mesmo ano. Foi naquela situação que eu compreendi que eu estava sendo preparada para esse momento, que se tivesse gêmeos não conseguiria cuidar do meu pai nos últimos meses de vida que restavam.

Depois de congelar óvulos, fazer cirurgia, 3 inseminações e 4 FIV´s me tornei mãe

Engravidei novamente. E meu filho chegou para trazer todas as respostas que eu precisava

Poucos meses após a perda do meu pai, engravidei novamente. E a gravidez evolui bem, mesmo apesar da placenta baixa, que tive no início da gestação; e das plaquetas baixas. Meu filho, Josué, veio ao mundo num parto normal humanizado, e para nossa surpresa, no momento do parto as plaquetas estavam normalizadas. Meu filho chegou no momento exato! A alegria de ser sua mãe me ajudou a superar a perda do meu pai… Desde então, ele é uma benção nas nossas vidas!

Depoimento de Nilma Pimenta Amorim dos Santos, 42 anos, de Salvador (BA)