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Essa semana tive o prazer de conversar com uma mulher que é sinônimo de inspiração. Uma mãe real, lutando para fazer o melhor que pode aos seus filhos. O diferencial de Elisama Santos, no entanto, é que em vez de se vestir a capa de mulher maravilha, que muitas vezes nos é imposta para suportar críticas, culpas e cobranças da maternidade, ela decidiu fazer o caminho contrário: falou a verdade nua e crua sobre como se sentia sendo mãe. Nascia ali o livro “Tudo Eu”, que está fazendo o maior sucesso, assim como a fanpage e o blog homônimos! Se você ainda não ouviu falar sobre eles, esta é uma ótima oportunidade de saber mais, e também um momento de reflexão sobre o que é ser mãe. Veja só como foi o nosso papo:

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– Quando você começou a pensar no Projeto “Tudo Eu”?
As amigas sempre falaram que eu deveria escrever um livro falando da maternidade, do meu jeito honesto e apaixonado. Durante um curso para empreendedores criativos foi lançado o desafio de produzir todos os dias, por 30 dias. Me propus a escrever um livro contando as minhas histórias e percepções, com o intuito de aliviar a culpa das mães que não vivem numa propaganda de margarina. Ser mãe é uma delícia, mas é muito difícil. Depois de ler muito sobre uma maternidade açucarada e não me identificar com quase nada do que encontrei, vi que um livro desmistificando a maternidade era algo necessário.

– O que aconteceu nesse meio tempo, em relação ao projeto: ele evoluiu, ganhou outra cara ou sempre foi fiel à sua ideia inicial?
O projeto ganhou vida própria. Depois de escrever o livro eu não sabia como publicar. Realizei o crowdfunding e criei a fan page apenas para divulgar a campanha. Com uma semana de lançada escrevi uma crônica e a danada bombou! Mais de um milhão de acessos. Continuei escrevendo e me impressionando com o tanto de gente que se identificava. Não foram poucas as vezes que chorei com mensagens in box, com mulheres dividindo suas vidas e me dizendo como foi importante saberem que não estão sozinhas. Essa sensação de pertencimento é libertadora.

– A princípio você fez o blog e agora veio o livro?
Comecei com o livro, criei a fan page para divulgar o livro e o blog pra armazenar melhor todo o conteúdo da fan page.

– Qual é a diferença entre o blog e o livro?
No blog misturo crônicas, histórias da minha vida, posts de leitoras e de colaboradoras. O livro são apenas relatos vividos por mim.

– Conte um pouco sobre a concepção do livro e a ajuda que recebeu.
Gosto de falar que escrevi uma abraço em forma de livro e amo saber que muitas mães o tem recebido assim. As pessoas se identificaram quando ele ainda nem existia, compraram a ideia e financiaram, fizeram acontecer. A campanha foi linda e a meta foi ultrapassada!

– O livro está a venda em quais lugares?
O livro está a venda na livraria Saraiva, em Salvador, e pelo blog

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Elis em momento de autógrafos no lançamento do livro

– Quais são os planos futuros?
Sempre amei escrever e viver disso tem sido minha meta. Estou com um projeto, o {Re}Olhar, que será lançado até junho, e é com foco na relação de pais e filhos. Algo que está sendo desenhado com muito amor e carinho.

– Esse projeto já te abriu outras portas, como, por exemplo, participar de eventos, dar palestras…?
Sim, muitos convites legais! Mas estou me organizando e me achando no meio de tudo isso.

– Você é mãe, escritora, formadora de opinião. Tem alguma outra profissão?
Advogava até o nascimento do primeiro filho. Hoje pretendo assumir escritora como profissão.

– Você acha que as mães se cobram demais?
Acho que somos cobradas demais. É diferente, sabe? Não é algo natural, é algo que enfiaram na nossa cabeça desde pequenininhas. Aprendemos com a revista, com a propaganda, na conversa com as amigas, com o padeiro da esquina. Todo mundo com uma listinha de “Mãe de verdade tem que…” Toda vez que a gente não corresponde com essa expectativa surreal se sente uma mãe de merda. Já ouviu falar que é preciso toda uma tribo para criar uma criança? Na nossa sociedade isso não existe. Criamos nossos filhos sozinhas, sem rede de apoio, trancadas em apartamentos em grandes cidades. Cada uma com a sua dor, cheia de medos e dúvidas, e sem poder dividir com ninguém, porque maternidade é dádiva e de dádiva ninguém pode reclamar. É cruel ser mãe nessa conjuntura. Ainda nos cobram a casa linda, o corpo perfeito, o sorriso no rosto e a criança bem educada. Não somos nós que nos cobramos, mas os dedos que vivem em riste expondo nossas inúmeras imperfeições.

– Deixe uma mensagem para as mães que vão ler essa entrevista.
Mãe perfeita não existe. Se presenteie com a liberdade de ser quem você é. Esse conjunto de coragem, amor,fragilidade e imperfeições. A maternidade não nos traz super poderes.Tomar consciência disso é libertador.

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Uma das crônicas escritas por Elis, como é conhecida, na fanpage Tudo Eu

 Fotos: Arquivo pessoal e Gabriela Soares Fotografia