Foto: Arquivo pessoal

 ‘Como eu sempre quis ser mãe e encontrei no Edu um parceiro com quem quisesse ter filhos, parei de tomar a pílula com apenas oito meses que estávamos morando juntos. Nessa época eu tinha 29 anos, mas o tempo foi passando e nada de engravidar. Foi quando eu pensei que podia ter alguma coisa errada, mas como eu estava trabalhando muito e ainda me firmando na carreira, no fundo tinha um pouco de medo de ter que parar com tudo. Até que resolvi procurar uma ginecologista, que sem me pedir nenhum exame receitou hormônios para estimular a ovulação. Segui a orientação dela à risca e mesmo depois de três meses tomando os remédios nada acontecia. Foi aí que eu realmente comecei a ficar angustiada em não conseguir engravidar.

Nesse meio tempo eu e o Edu nos separamos, mas voltamos após alguns meses e cerca de um ano depois coloquei como meta investigar a fundo, pela primeira vez, o motivo de eu não conseguir ser mãe. Eu já estava com 35 anos e não escondia de ninguém o desejo de engravidar, tanto que um dia uma amiga de trabalho chegou com um cartãozinho de um médico especialista em infertilidade. Até aquele momento eu nunca tinha pensado em infertilidade, mas mesmo assim fui ao especialista, que me pediu uma série de exames e todos indicaram suspeita de endometriose. Não sei como não pensei nisso antes, pois desde que comecei a menstruar sempre tive muita cólica, mas encarava a dor como algo normal. Então o médico disse que precisaria de uma cirurgia para resolver o problema, o que me deixou assustada, pois eu nunca tinha feito uma cirurgia na vida! Mas estava disposta a seguir em frente.  Ainda no processo de exames fui encaminhada a outro médico que descobriu um pequeno pólipo em uma das trompas, impedindo a passagem do espermatozoide. Era mais um motivo para eu me cuidar. E foi em janeiro de 2011 que fiz a videolaparoscopia. No entanto, o médico não me deu certeza de que engravidaria e pediu para eu tentar depois de três meses. Tirei férias e passado o tempo determinado começamos uma programação e calculamos que levaria entre três e seis meses, mas para a nossa surpresa a gravidez aconteceu em apenas duas semanas! E mesmo antes do teste eu sabia: tinha 38 anos e estava finalmente grávida!

Foto: Arquivo pessoal

Minha gravidez foi maravilhosa e sabíamos da possibilidade de o bebê nascer com Síndrome de Down ou outras alterações, mas quando o médico perguntou o que faríamos se isso acontecesse, respondemos na hora que iríamos amar e cuidar muito bem dele. Mas a Luna nasceu perfeita e realizou o nosso sonho. É uma delícia curtir cada fase dela! E, claro, tudo mudou: saí do emprego fixo para trabalhar em casa e poder ficar mais tempo com ela e agora toda a rotina gira em torno da dela. Depois que a Lu, minha ajudante, vai embora paro tudo o que estou fazendo e assumo os cuidados até a Luna dormir. O Edu me ajuda com o jantar e dá comidinha, então aproveito esse tempo pra tomar banho. O banho, aliás, nunca mais aconteceu na hora que eu bem entendo. Mas olhar para minha filha e ganhar um beijo, um abraço, uma risada faz tudo valer a pena! 

 

Hoje só vejo vantagens em ter sido mãe aos 38 anos, principalmente em relação a trabalho. Se eu fosse mais nova e tivesse começando, talvez não conseguisse me manter como freelancer, nem tivesse tido coragem de abandonar o emprego estável ou não fosse uma mãe tão interessada quanto eu acho que sou. Talvez não fosse confiante o suficiente para seguir o meu instinto e nem estaria amamentando ainda! Quando me pego  pensando no futuro, talvez a única desvantagem que vejo em ter sido mãe mais velha é como o meu tempo de vida com a Luna vai ser mais curto do que se ela tivesse nascido há 10 anos.’ 

Carol Salles, 39 anos, mãe da Luna de 1 ano e 4 meses.

Foto: Arquivo pessoal