Só quem é desejante sabe o quanto é difícil ouvir de amigos, parentes e até de desconhecidos os famosos “conselhos” para engravidar. Frases do tipo: ‘Relaxa que você engravida”, “Por que você não adota” ou “Nossa, mas nessa idade… cuidado para não ser mãe-avó”, realmente são capazes de tirar do sério alguém que já está fazendo tudo o que pode para dar vida ao sonho da maternidade.
E foi pensando nisso, que criei juntamente com a psicóloga Laura Bechara, da Clínica Nidus, em Juiz de Fora (MG), o “GUIA DA AUTOEMPATIA”, que traz 10 frases super comuns na rotina da desejante e ensina a lidar com os sentimentos gerados a partir dessas falas.
Após fazer um levantamento pelos stories do Instagram, cheguei nas 10 frases mais comuns que as mulheres que estão tentando engravidar ouvem. O passo seguinte foi entender, juntamente com a psicóloga como lidar com os sentimentos que cada uma das frases gerava nas mulheres. “Não podemos ter o controle do que nos falam. Mas podemos ter um filtro interno e controlar de que maneira aquele comentário ou palpite irá impactar na nossa vida. Não é fácil, mas exercitar esse autocontrole é também uma forma de amor próprio”, conta a psicóloga.
Para o lançamento do GUIA DA AUTOEMPATIA, que pode ser baixado gratuitamente clicando aqui, eu tive o prazer de mediar uma conversa no Instagram da Clínica Nidus, com as ex-tentantes: Cuca Amorim e Polliane Félix, que vivenciaram uma longa jornada até o tão esperado positivo e a confirmação da gravidez.
“Se a vida não ficar mais fácil, trate de ficar mais forte”
Essa foi uma das frases impactantes ditas pela influenciadora Cuca Amorim, sobre o seu processo de tentativas de gravidez. Para ela, boa parte das pessoas que fazem comentários ou dão “dicas” para que a mulher consiga engravidar fazem isso por carência de assunto ou porque ao saberem da dificuldade, se sentem no direito de dar palpites. “As pessoas têm uma carência de assunto que não acaba nunca. E elas querem saber da sua vida, não importa em qual fase você esteja: se você conta que liberou para engravidar, mas não acontece e o tempo vai passando e elas pessoas se sentem no direito de perguntar como estão as tentativas. É importante ter esse filtro e dizer quais assuntos você está disposta a falar ou não. A gente precisa impor limites até onde as pessoas podem falar”, disse. Para Cuca, muitas vezes na tentativa de poupar as outras pessoas, as tentantes acabam se desgastando.
A pressão pela maternidade e como reagir a essa pressão
Polliane Félix contou que fez terapia e viveu os cinco lutos das perdas de seus bebês durante o processo de tentativas. “Eu precisava colocar algo no lugar das perdas para seguir minha vida. E eu colocava fé que chegaria a minha vez. O que mais me deixava triste era o sentimento de dó que as pessoas tinham de mim. Mas justo eu, que sou tão guerreira? Que estou tomando injeções todo dia, que já passei por vários lutos? Como assim ter dó de mim? Isso me deixava arrasada porque ninguém precisa ser olhada como vítima ou como incapaz quando o assunto é tentar engravidar. Doía ainda mais quando sentia isso das pessoas que eu amo”, diz.
Outro ponto levantando durante a live de lançamento do guia foi sobre o perigo de querer avaliar a dor da outra desejante usando a sua régua como parâmetro: “Parece que existe uma competição da mais desgraçada. Então, se você está fazendo FIV, você está sofrendo muito menos que a outra que não pode fazer. Só que a gente não pode e nem deve medir a dor da outra pessoa pela nossa régua. O dinheiro facilita muito, claro. E eu reconheço que é um privilégio absurdo eu poder passar por esse procedimento, mas isso não significa que por isso eu não sofra ou não esteja doendo em mim tudo isso. Precisamos parar de competir quem vai levar para casa o troféu de sofredora máster. Não é fácil pra ninguém passar pela infertilidade porque infertilidade é uma doença que nos faz pensar no quanto somos incapazes”, desabafou Cuca.
As muitas fases na vida de uma desejante
Tanto Cuca Amorim quanto Polliane Félix reconheceram que durante a jornada de anos tentando engravidar, sem sucesso, passaram por diversas fases. Para tentar se preservarem de comentários sem-noção, por exemplo, Polliane chegou a dizer que ela e o marido nem queriam mais ter filhos e que a meta era viajar o mundo e aproveitar bem a vida. “Mas por dentro, só nós sabíamos o quanto ainda desejávamos aquele filho.” Já Cuca, contou que passou pela fase de mentir, de justificar a dificuldade para engravidar, e chegou à fase de não poupar que as pessoas inconvenientes fossem chateadas. “Depois de ouvir tantas coisas, hoje eu acho que entre eu ou o inconveniente que está me perguntando, que ele se chateie. Eu sou mais eu! E não tenho a menor obrigação de dar satisfação sobre a minha vida”, disse Cuca. E ela ainda finalizou brincando: “Te mando meu PIX e para cada valor em conta, lara de leite ou pacote de fralda doados, te dou uma satisfação.”
Se você se identificou com a fala de Cuca e Polli, não deixe de assistir a live completa clicando aqui.