Foto de Leah Kelley no Pexels

Toda mulher que passou dos 30 sem filhos, em algum momento já ouviu os “alertas” sobre a queda da fertilidade, “perigo” de síndromes, dificuldade para engravidar, etc. Na verdade, se fala sobre o envelhecimento dos óvulos, que realmente ocorre próximo aos 35 anos. Mas o que isso significa, já que estamos em plenas atividades, no auge de nossas vidas e carreiras nessa idade?

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Para entender o motivo, temos que entender primeiro como cada óvulo é formado, e isso nos remete à vida intrauterina, porque é lá que os ovários em formação começam a produzir os “pré-óvulos”. Quando há gestação de um bebê do sexo feminino, aos 3 meses, aproximadamente, todos os “pré-óvulos” desse feto já estão formados. Ou seja, a divisão celular reducional para a formação de gametas (essa divisão se chama MEIOSE) cessa em uma determinada etapa. Os ovários da bebê ficam “adormecidos” durante toda sua infância, e a divisão é retomada e concluída– sob forte controle hormonal que culmina na ovulação – a partir da puberdade, marcada pela primeira menstruação, chamada de menarca. Se uma menina tem a menarca com 11 anos por exemplo, quer dizer que esse
óvulo liberado no seu primeiro ciclo reprodutivo demorou 11 anos para concluir a meiose. E assim acontece sucessivamente todos os meses durante a vida fértil da mulher.

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A gravidez
Então, quando uma mulher engravida, o óvulo fecundado demorou exatamente a idade dessa mulher para terminar os eventos da divisão celular, e quanto mais tarde, maior a chance dessa divisão apresentar erros genéticos, dificultado o sucesso da gravidez e aumentando as chances de síndromes e abortos espontâneos recorrentes. Esse é motivo da queda na qualidade dos óvulos com o passar dos anos.

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E nos homens? É diferente!
Nos homens, os chamados “pré-espermatozoides” são renovados sob estímulo da testosterona, a partir da puberdade. Via de regra, essa produção é contínua e diminui (mas não para) na chamada andropausa, quando há queda na produção desse hormônio masculino. Entretanto, se observa a queda significativa na qualidade seminal em
geral nas ultimas décadas, mas isso se deve ao estilo de vida da atualidade.
Obesidade, estresse, sedentarismo e tabagismo estão entre os principais fatores responsáveis por essa queda exponencial da qualidade do sêmen, mas como há renovação periódica dos gametas masculinos, a maioria desses fatores podem ser reversíveis após alguns meses de mudança radical no estilo de vida.

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Michelli com as filhas (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Michelli Montaño, consultora de fertilidade, bióloga geneticista. Membro da European Society of Human Reproduction and Embryology. Mãe da Isabel e Elena. Autora da página Famílias In Vitro, no Instagram