Eu sempre sonhei em fazer alguma diferença no mundo, algo que verdadeiramente contribuísse para um mundo melhor. Era crescente em mim o desejo de ajudar, cuidar, mas não sabia como ou por onde começar. Celebrando meu aniversário de 40 anos (exatamente no dia), com dois filhos maravilhosos, uma de 16 anos e outro com 13, me vi grávida de novo. Meu Deus! Depois de tanto tempo! Surpresa, alegria, desespero, insegurança, instabilidade, perda do chão. Filho é uma benção, a melhor coisa do mundo, mas… Com a vida profissional “bombando” e me recuperando de crises terríveis de hérnia de disco, comecei a me preparar física, emocional, e psicologicamente para a chegada do meu pequeno.
A gravidez
Meu maior medo era a coluna, por isso continuei firme no pilates e comecei uma hidroginástica. O dia-a-dia corrido do início da gestação, o apoio incondicional do marido e o carinho dos filhos mais velhos ajudaram a estruturar o emocional e aos poucos a ficha foi caindo, o medo foi sendo superado. Ah, e minha coluna se mostrou mais forte do que eu imaginava. A gravidez foi super tranquila, me senti tão disposta quanto nas gestações anteriores. Viajei para fazer o enxoval, encarei uma reforma para adaptar a casa para receber mais um membro da família e trabalhei até duas semanas antes do parto. O Vinicius nasceu bem, com 3,800 kg e 52 cm. Um príncipe lindo!
A ida para casa e a descoberta de um problema
Fomos pra casa, meu leite desceu logo e, apesar de saber que cada filho é único, tinha uma certa segurança de que com minha experiência e maturidade as coisas seriam mais fáceis. Bom, mas não foi bem assim: já na primeira semana percebi que ele seria um bebê mais bravo. Tudo bem, eu pensava, o começo é realmente mais difícil… Mas, na segunda semana, ao visitar o pediatra, levei meu primeiro susto. Após 15 dias o Vinicius não só ainda não tinha recuperado o peso com que nasceu, como continuava emagrecendo.
O pediatra sugeriu começar com o complemento, pois apesar de amamentar em livre demanda meu leite parecia não estar sendo suficiente. Fiquei muito triste! Jamais tinha imaginado que passaria por tal situação, afinal eu tinha conseguido amamentar os outros dois super bem. Contratei uma enfermeira especialista em amamentação para me orientar, comprei o leite (fórmula), tentei permanecer forte, mas as coisas não pareciam melhorar.
Nas primeiras semanas ele engordou um pouco, mas logo voltou aos 10 gramas por dia, às vezes nem isso. Em alguns momentos ele até perdeu um pouco de peso. Sabíamos que alguma coisa estava errada. Ele mamava pouco e vomitava muito! Mamava reclamando e na mamada seguinte ainda estava arrotando e se sentindo desconfortável. Além disso, sofria com cólicas e problemas na pele, o que o deixava ainda mais bravo e chorando fortemente.
Dois meses se passaram, ele chegava a fazer até seis cocôs por dia, a pele continuava áspera e com manchas vermelhas, o desconforto e irritação não cediam, o peso não aumentava, o vômito não parava. Depois de muito sofrimento e muita pesquisa (gratidão enorme por todos os relatos de mães que compartilham na internet suas experiências e que foram fundamentais para nos despertar para as possibilidades e nos ajudaram a lidar com o problema) conseguirmos descobrir que o problema era uma alergia alimentar à proteína do ovo e do leite.
Comecei uma dieta de exclusão total desse tipo de alimento, e como meu leite era seu único alimento, afinal o leite fórmula já não era uma opção, eu fiquei bastante animada porque apesar da dieta ser muito difícil, ele se sentia melhor e sua qualidade de vida estava melhorando muito! No entanto, a cada ida ao pediatra víamos o gráfico de desenvolvimento piorar, chegando a atingir a linha vermelha. Eu voltava pra casa tentando juntar meus caquinhos pra continuar a batalha.
Foco total no bebê e na família
Comecei a introdução alimentar um pouco mais cedo e a essa altura eu já estava neurótica. Pesava tudo que ele comia e contava as calorias diárias para me certificar que ele estava tendo o aporte calórico adequado. Voltar a trabalhar nem chegou a ser cogitado. “Mood” mãe total. Não conseguia pensar em mais nada.
Na verdade, isso não foi uma grande novidade porque, apesar de sempre gostar de trabalhar, também sempre soube que minha maior vocação era ser mãe. Por isso, sempre coloquei a família em primeiro lugar.
Pensando além da situação difícil que estávamos passando com o bebê, tinha também o lado bom: eu via a possibilidade de novamente voltar os olhos totalmente pra minha família, tendo que tranquilizar uma vestibulanda estressada e perdida, lidar e conduzir um adolescente com todos os seus questionamentos e rebeldia e, além disso, batalhar pela saúde de um bebezinho.
O meu lugar no mundo
Lembram que inicie o texto falando sobre o meu sonho de fazer a diferença no mundo? Pois bem. Tudo o que passei me fez enxergar que estava iniciando ali a minha missão. Parece estranho, né? Mas a verdade é que, mesmo sem perceber, quando conseguirmos criar bem nossos filhos, dando limites, ensinando a importância do respeito ao próximo e passando valores como honestidade, solidariedade e fraternidade estamos mudando o mundo Sim, porque educação e valores determinam quem somos e nós, mulheres, mães, dos 4 cantos do mundo estamos educando os homens e mulheres do futuro. Líderes, governantes, mas acima de tudo, pessoas que juntas podem transformar a humanidade. É uma responsabilidade e tanto! Hoje Vinicius está com 1 ano e meio, e bem melhor, graças a Deus! O seu peso agora é de quase 12 kg. Isso é motivo de muita comemoração!
E foi assim, aos 40 e poucos anos, com o meu envolvimento total com minha família e com todo o amor que eu sinto por eles que eu descobri minha missão: inspirar mães a cuidarem de suas famílias e de suas casas. Como? Bem, eu sou arquiteta (e decoração para crianças é minha paixão) e amo educar os meus filhos, então minha proposta é ajudar mães a colocarem a mão na massa e se tornarem protagonistas na transformação de suas casas em lares cheio de amor e de boas memórias. Da mesma forma que a internet me ajudou muito na descoberta e enfrentamento da alergia do pequeno, quero compartilhar, por meio do site www.investindoemmemorias.com.br, Instagram e página do Facebook, meu conhecimento como arquiteta e ajudar mães a decorarem a casa para seus filhos de uma forma simples e prática. Não pretendo fazer projeto, mas vou trazer muita inspiração, informação e tutoriais do universo infantil e mostrar que é possível ter um lar aconchegante e acolhedor para onde nossos filhos sempre vão querer voltar.
Muitas pessoas me perguntam sobre como é ter um filho depois de tanto tempo e, principalmente, depois dos 40. A palavra que me parece melhor definir tudo isso é renovação. Nosso pequeno trouxe motivação, alegria e um espírito de família inacreditável. Júlia e Dan são apaixonados por ele e, este amor é reciproco, o pequeno também é alucinado pelos irmãos. Ah, e nós pais só babamos e agradecemos por tamanha benção! Um grande abraço e que Deus continue nos iluminando nesta aventura incrível que é ser mãe.
Depoimento de Cristiane Rezende. Arquiteta, que ajuda mães que desejam cuidar de seus filhos e de suas casas transformando-as em um lar cheio de amor e de memórias.