Vivemos na geração em que o cotidiano é pautado pelo imediatismo, tudo é para agora e nem sempre se pensa nas consequências de cada escolha. E o pior é que se tratando da maternidade as mães ainda têm a falsa ilusão que podem dar conta de tudo e com perfeição! Pensando nisso, a marca de Tylenol promoveu hoje um bate-papo sobre o tema, que foi mediado pela atriz e apresentadora Fernanda Rodrigues e contou com a opinião da coach Ana Raia, da psicóloga especialista em educação Rosely Sayão e do pediatra Hany Simon. Veja abaixo os principais momentos da conversa:
Origem do imediatismo
Rosely Sayao contou que se puder determinar uma origem, ela acontece logo após o nascimento porque até então o bebe estava protegido de tudo e num ambiente muito confortável. “E ele sente esse desconforto de vir ao mundo e tem uma maneira de comunicar isso em forma de choro. Ao mamar, quando está com fome, ele sente que o desconforto melhorou, mas também sente prazer. A partir daí ele sempre vai querer isso!”, disse. Só que a mãe vai jogando umas gotinhas de realidade nesses momentos de prazer, pois tem que se dedicar a outras tarefas nesse meio tempo, como o seu próprio banho, o preparo da comida, a dedicação ao marido. É aí que inconscientemente o bebê sente que existem outros fatores ao seu redor.
Esse imediatismo é absolutamente infantil. E temos a tendência de atender aos filhos de imediato, mas isso deveria ser a tendência dele, que é criança e não do adulto. A mãe se sente pressionada a dar uma resposta ao filho e quase sempre essa resposta é sim, mas é impensada. E precisamos perguntar: por que sim? Temos que aprender a dizer: “Não sei. Vou pensar”! E isso é uma questão da vida: é preciso pensar! Só que hoje associamos pensamento não a algo bom, que me leva a evoluir, mas sim a algo associando o pensamento ao castigo: fez algo errado, vai no cantinho pensar!
A falsa imagem de perfeição
Já a coach Ana destacou as mudanças dos púltimos 50 anos na sociedade: “Estamos conquistando muito espaço em outras áreas da vida, que não a familiar. E isso vai além do mercado de trabalho. Conseguimos nos expressar através da nossa identidade. Só que por outro lado temos mais solicitações e eu vejo pouca habilidade de lidar com tudo isso. O mundo espera que você esteja disponível 24 horas por dia e responda a essas demandas imediatamente. Quem nunca se identificou com uma mulher polvo, com 12 braços e cada um fazendo uma tarefa?.” O que acontece é que nós compramos essa imagem e sofremos muito. Por que vende a ideia de que dá para fazer tudo e ser tudo e ser perfeita em todos os papeis ao mesmo tempo. Não é verdade! O imediatismo e esse modelo de perfeição traz frustração simplesmente porque não dá para fazer tudo com perfeição e ao mesmo tempo. Você pode conseguir tudo o que quer da vida, mas ao longo de uma vida, não aqui e agora.
Frustração e ansiedade
Além da frustração, tem a ansiedade gerada, que se tornou um padrão comportamental. Outro ponto é que querer fazer tudo ao mesmo tempo você tem pouca presença no momento, a conexão com o que é feito fica muito superficial. E para fechar esse ciclo nossas mentes estão completamente aceleradas: temos muita informação porque queremos fazer tudo ao mesmo tempo. Tem a tecnologia que favorece essa alavanche de informações e sofremos muito querendo dar conta de tudo.
Mas o trabalho é o vilão da culpa por não ter mais tempo?
A culpa, junto com a ansiedade, está presente nos nossos corações. Então a mulher que trabalha se sente culpada por não dedicar mais tempo ao filho. Em contrapartida, a que não trabalha se sente culpada e pressionada pela sociedade por isso. Ficamos com a ideia de que o trabalho é que impede um estilo de vida melhor, mas isso não é verdade. Porque todas nós fazemos as nossas escolhas. “E no fim das contas, de uma forma ou de outra, todas nós trabalhamos, a diferença é que algumas são pagas para isso, outras não!”, lembrou Rosely. “Na verdade o que temos é uma falta de clareza de como você quer atuar através desses papeis. A culpa vem quando você está atuando por padrões externos ou comparações que você faz com outras pessoas.”
E de que forma o nosso imediatismo reflete nas crianças?
Quem respondeu a pergunta foi o pediatra, dizendo que vê no consultório que as mães se sentem com uma performance a cumprir, como se tivesse uma meta com a criança. E existe muita informação que essa mãe recebe e isso tem impacto direto na crianças, pois a preocupação em fazer as coisas absolutamente perfeitas vão gerar, inclusive, alterações hormonais. “Nosso papel é tentar melhorar a qualidade de vida da mãe. Elas estão se cobrando demais. Não sei quem inventou que a criança tem que mamar 15 minutos de lado da mama e outros 15 na outra. E aí a mãe chega no consultório hoje com caderninhos e aplicativos mostrando até os segundos da mamada! E assim ela não aproveita o melhor, ela não curte o bebê. Pergunto para mães com bebês pequenos se elas saíram, se foram passear e a resposta é: “sim, fui comprar fraldas”. Socorro! Quando que comprar fraldas é lazer?” A saída para todas essas questões é, desde o início, se cobrar menos.
Culpa: um mal da atualidade?
Rosely Sayão contou que há alguns anos a culpa não era tão expressiva porque as mulheres tinham outras culturas e costumes. “Nós sabíamos que iríamos fazer o que era possível, mas nos sentíamos competentes para cuidar dos filhos, tínhamos sensibilidade para ver as coisas. Não havia, por exemplo, as ligações para os médicos o tempo todo. Hoje eu vejo que as mães se sentem incompetentes, mas elas têm potencial”. Para tudo hoje em dia as mães querem ter uma opinião de especialista e buscam diagnóstico, mas nem tudo é para ser diagnosticado. E informação não significa conhecimento. Hoje qualquer dúvida é de ordem médica. Tem mães querendo saber do pediatra como faz para o filho dormir!
Objetivos a curto prazo
Esse mundo rápido e acelerado faz com que se opte por objetivos de curto prazo, abrindo mãos dos sonhos de das coisas que dão trabalho. Mas isso causa frustração porque não dá para se permitir sonhar e ter visão a longo prazo. Se eu quero uma carreira que vai demorar anos para conseguir a formação e posso ter uma outra profissão com resposta mais rápida eu abro mão do meu sonho inicial. Mas quando você consegue colocar objetivos a longo prazo dá para sonhar mais e se permitir se conhecer mais. “Objetivos a longo prazo exigem que se desenvolva persistência e resiliência, será preciso ter paciência para conquistar. E as pessoas estão muito pouco preparadas para isso”, finalizou Ana.
Espero que a nossa reflexão no encontro de hoje também possa fazer você pensar, se cobrar menos e aproveitar mais a vida!