Recentemente participei de um encontro com a pediatra Dra. Ana Escobar, coordenadora da disciplina de Pediatria Preventiva e Social do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e autora da coleção de livros “Boas-Vindas, Bebê”, para esclarecer mitos e verdades sobre o leite. Foi muito bom entender melhor o que é mito e o que é verdade quando o assunto é leite, seja ele o longa vida ou fórmulas. O evento, que foi promovido pela Associação Brasileira da indústria de Leite Longa Vida, através do movimento #leitefazseutipo (www.leitefazseutipo.com.br) rendeu tanto papo bacana que vou dividir em 2 posts, sendo esse primeiro voltado para o leite de vaca na vida de crianças e adolescentes. No próximo post sobre o assunto vou contar um pouco do que aprendemos sobre as diferenças entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite. Ao contrário do que muita gente pensa, são coisas totalmente diferentes.
Para facilitar a compreensão, coloquei abaixo as principais dúvidas respondidas durante a conversa com a médica. Dá só uma olhada e se tiver outras dúvidas, pode deixar aqui nos comentários que terei o maior prazer em enviá-las para a Dra. Ana responder, ok?
DESMAME: FÓMULA X LEITE DE VACA
Após o desmame, os bebês devem ser alimentados com fórmulas ou podem tomar leite de vaca?
Até um ano de idade, o ideal é que o bebê que não mama no peito seja alimentado apenas com fórmula, e não com leite de vaca. Isso porque o leite de vaca é, de fato, adequado para o ritmo de crescimento de um bezerro, já que tem uma quantidade muito grande de proteína. “No primeiro ano de vida, os rins dos bebês ainda estão imaturos e eles não conseguem excretar essa quantidade de proteína. Então o consumo de leite de vaca pode causar uma sobrecarga nos rins”, explica a Dra. Ana Escobar. Depois do primeiro ano, portanto, os bebês já podem consumir o leite de vaca normalmente. E de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, outra razão para não dar leite de vaca antes do primeiro ano de vida é que ele tem menos ferro e zinco do que o materno e que as fórmulas, o que pode levar à anemia ferropriva.
O que as fórmulas têm de diferente do leite de vaca?
As fórmulas são produzidas para se assemelhar ao máximo ao leite humano e podem ser oferecidas às crianças até os três anos. “Os fabricantes retiram proteínas para chegar a uma quantidade parecida com a do leite materno. A fórmula só não tem os anticorpos do leite materno, mas seus nutrientes são muito semelhantes, e muitas são bem ricas em ferro”, afirma a médica.
CRIANÇAS MAIORES E ADOLESCENTES
As crianças maiores e os adolescentes também precisam tomar leite?
Sim. O leite é um dos alimentos mais presentes em todos as etapas da nossa vida, especialmente por ser uma excelente fonte de cálcio e de proteínas, essenciais para permitir um bom desenvolvimento dos ossos e dos músculos nessa fase de crescimento. “As crianças precisam de 500 mg de cálcio por dia. Dois copos de leite já provêm isso. Já os adolescentes têm um estirão fantástico. Para isso acontecer, seus ossos precisam ter muito cálcio. Caso contrário, pode-se ter problemas para o resto da vida”, diz a pediatra.
PROPRIEDADES E CONSERVAÇÃO DO LEITE DE CAIXINHA
Que tipo de leite tem mais cálcio?
O desnatado oferece mais cálcio do que o integral e o semidesnatado. “Quando se tira a gordura do leite, ele concentra outros nutrientes, por isso o desnatado tem mais cálcio do que o integral. A falta de gordura não influencia na absorção de cálcio. O que é determinante para essa absorção é a vitamina D”, esclarece a Dra. Ana. Em geral, porém, ela considera o leite integral mais rico do que o desnatado. “O leite de vaca integral é o mais completo. As gorduras do leite ajudam a criança a fazer conexões cerebrais. A gente precisa dessa gordura.”
Por que o leite de caixinha não estraga? Ele tem aditivos?
O leite de caixinha não tem nenhum aditivo. “Ele não estraga porque é pasteurizado”, explica a Dra. Ana. “O que faz o leite estragar são as bactérias, e elas estão no ar. Elas fermentam e digerem o leite. Para o leite durar, portanto, é preciso matar essas bactérias. Antigamente a gente fervia o leite. Hoje, a indústria faz a pasteurização, que eleva o leite a altas temperaturas por alguns segundos e elimina todas as bactérias. Isso não desnatura as proteínas nem prejudica o leite. Depois disso, ele é envasado em uma caixinha totalmente esterilizada. Por isso, só vai estragar depois que for aberto.”