Foto: Arquivo pessoal

Sonho em ser mãe desde os meus 20 e poucos anos. Mãe jovem, com mente e corpo cheios de energia e vitalidade para acompanhar o crescimento dos pequenos. Nunca pensei em adiar minha gestação em função da profissão e sabia que arriscaria uma produção independente caso não encontrasse minha tampa da panela.

Desde a faculdade, optei por uma área na qual eu tivesse flexibilidade e conseguisse ser muito presente na vida dos meus filhos quando eles chegassem. Sou psicóloga e optei construir minha carreira como profissional liberal, em consultório. Mas o tempo foi passando e por “ironia do destino” a maternidade se distanciava da minha vida. Hoje entendo perfeitamente que ela não ocorre quando NÓS queremos, e sim quando é a hora certa deles (dos filhos).

Quando o pai dos meus filhos entrou na vida, a diferencia de idade e o momento da vida em que cada um de nós estávamos era diferente, e mais uma vez a via minha gestação ser adiada. Mas a minha vontade sempre esteve presente, e quando cheguei aos 33…34 anos, o relógio biológico disparou todos os alarmes. Eu sabia que cada ano minhas chances diminuiriam e isto me preocupava.

Minha gineco disse que eu precisaria de uma fertilização. Me chão caiu!
Resolvi fazer um checkup e qual não foi minha surpresa quando minha ginecologista falou que eu tinha alguns pequenos problemas que iriam dificultar minha gravidez e em função da minha idade, deveria partir diretamente para uma fertilização in vitro. Meu chão se abriu. Não tenho nada contra os avanços da medicina, muito pelo contrario, mas eu tinha uma crença de que se fosse para eu ser mãe, deveria ser naturalmente, e eu não iria ir contra minha biologia e meu destino. Fui em inúmeros médicos, busquei outras opiniões, e sempre ouvia a mesma recomendação: a melhor indicação era a fertilização in vitro.

Foram anos buscando na medicina complementar as curas que eu precisava. Homeopatia, fitoterapia, acupuntura, shiatsu, yoga, terapia…. e com isso, sem perceber, iniciei um longo e maravilhoso processo de autoconhecimento, transformação pessoal, mudanças de hábitos …. Aos 38 anos voltei para a ginecologista e aceitei realizar uma inseminação. Posso ter arriscado muito, posso ter sido cabeça dura, mas agi de acordo com meus valores, princípios e crenças daquela época, e isto me tranquilizava. Precisei de 6 meses para conseguir fazer a inseminação! Junto com o tratamento medico eu me cuidava com medicina alternativa, e minhas respostas hormonais e maturação dos óvulos eram completamente diferente do protocolo medico, e eu ovulava antes da data marcada para o procedimento. Finalmente conseguimos…. e eu menstruei. Claro, hoje entendo, pois estava tentando de uma forma que EU NÃO QUERIA (novamente quero reforçar, esta era minha visão, o que servia ou não para mim, dentro dos meus valores e entendimento da vida. Sou psicologa, acupunturista, e extremamente adepta do tratamento o mais natural possível).

Foto: Arquivo pessoal

Relaxar era preciso e foi o que fiz
Assim que menstruei lembre imediatamente de uma frase que ouvi de uma das médicas que consultei:
– “Você precisa encontrar outras motivações e prazeres na sua vida, e pensar como poderá ser feliz se não conseguir engravidar!”
Liguei para meu medico na hora e o informei que iria descansar um pouco e decidir qual seriam meus próximos passos. Sabia na teoria e na pratica o quanto o estresse, a preocupação, a ideia obsessiva, são prejudiciais para a saúde e para a fertilidade. Buscava sempre recursos para me manter equilibrada, mas no fundo era um enorme conflito entre querer muito a gestação e “tentar” aceitar que ela não vinha e mudar o foco da minha atenção. Mas naquele momento, tudo se alinhou: minha vontade, meus valores, minhas crenças, e eu tive uma super clareza de que deveria buscar outras formas de realizações (e aí entrava uma nova roupagem para minha profissão) e que eu só iria tentar engravidar de forma coerente com o que acreditava. E que se não engravidasse, eu aceitaria sem transformar isto numa enorme frustração para a vida inteira. Neste mês, só me tratei com acupuntura (por desencargo de consciência), segui minha intuição e…. ENGRAVIDEI! Naturalmente! Aos 39 anos!

Me tornei uma mulher plena para então exercer meu papel de mãe
Minha vida mudou completamente (mas é outra historia e outro longo depoimento), vivi intensamente minha primeira gestação e meu primeiro filho, me afastei do trabalho cedo e fiquei ao lado dele (e amamentando) até os dois anos. Época de muito autoconhecimento, transformações, redescoberta de proposito de vida, eliminação de crenças limitantes, mudanças de hábitos …. e cada vez mais eu estava tendo clareza do que eu queria, como eu queria, o que me servia, o que queria descartar, e assim me tornava cada vez mais plena para exercer meu papel de mãe.

Foto: Arquivo Pessoal

Mais um filho? Será?
Quando tudo estava alinhado, veio a pergunta: – “E então, vamos tentar mais um?” – “Claro que vamos, mas tem que ser já”. E assim, despretensiosamente, deixando as coisas fluírem e acontecerem naturalmente, engravidei no segundo mês, aos 42 anos!

Se sou privilegiada?? Meu Deus! Me sinto abençoada, presenteada, realizada e feliz! Afinal, levando em conta os “obstáculos orgânicos (aderência em uma das trompas, baixa reserva ovariana, idade….) eu tinha 1,5% de chance de engravidar naturalmente!
Se eu soubesse desta porcentagem, eu não teria engravidado, pois a dificuldade, o estresse e o medo do fracasso iriam estar permeando minha segunda tentativa.
Se meus filhos vieram tarde? NÃO! vieram na hora certa! No momento deles! E eu não me arrependo das minhas escolhas e decisões neste processo.

Hoje, minha vida vem sendo moldada em torno da maternidade. Minha experiencia de 15 anos como psicologa clinica, acupunturista, arteterapeuta, estudando muita medicinas complementares, mais a experiencia de ser diagnosticada com Infertilidade sem causa aparente, meus anos de tentativa e meus dois filhos após os 40 anos, meu mergulho no auto-conhecimento, minha redescoberta de valores, proposito e missão de vida, paixões, interesses… tudo isto se transformou numa nova forma de atuação e hoje ajudo mulheres que estão planejando engravidar, apresentando dificuldades, e gestantes com suporte emocional e coach para tentantes e gestantes. Acredito que um filho seja a maior oportunidade e o melhor presente que o universo pode nos dar para nos motivar a sermos pessoas melhores, realizar mudanças significativas, e nos aproximarmos da mãe que sonhamos em ser. E se a gestação ainda não acorreu, podemos aproveitar toda a fase de planejamento e tentativas para nos prepararmos da melhor forma possível e potencializar as chances da sonhada concepção.

Flávia Nusdeu – 43 anos- MaternaCoach, Psicologa Clinica, Coach de Tentantes e Gestantes e Acupunturista.