assimetria craniana

Você já deve ter ouvido falar sobre a assimetria craniana em bebês. Mas, afinal, esse é mesmo um motivo para se preocupar? Há como prevenir que a cabecinha do pequeno fique assimétrica? Só a parte estética fica comprometida? Para responder essas e outras dúvidas, conversei com o médico Gerd Schreen, especializado no tratamento das assimetrias cranianas em bebês, da Clínica Heads. Vale começar dizendo que as diferenças na cabeça acontecem por 4 motivos: apoio constante numa só posição nos primeiros meses de vida do bebê, fase em que o crânio cresce com enorme velocidade; quando, ainda no período gestacional, há pouco líquido amniótico; devido ao encaixe precoce do bebê na pelve; e em gestação de gêmeos.

Mas como saber se meu filho tem assimetria?
Basicamente, prestando atenção ao formato da cabecinha dele. Uma dica é olhar para ela de cima para baixo na hora do banho, com o cabelinho molhado. É comum ter um pouquinho de assimetria, mas se ela estiver avançada também é fácil de enxergar. As duas principais assimetrias cranianas são: a plagiocefalia posicional e a braquicefalia posicional. “A primeira delas significa que a cabeça é semelhante a um paralelogramo, ou seja, a parte de trás apresenta um lado achatado e o outro proeminente, com frequente desalinhamento das orelhas e até da testa e do rosto. Já a braquicefalia posicional, conhecida como “cabeça curta”, se refere ao achatamento de toda a área posterior da cabeça, com alargamento da região e elevação do cocuruto”, esclarece o médico.

Dá para prevenir a assimetria?
Nos casos em que o bebê nasce com a cabecinha sem deformações dá sim, basta um pouco mais de cuidado, que se resume a evitar o apoio constante da cabeça sempre no mesmo lugar. As dicas de ouro do Dr. Gerd incluem:

– Ao colocar o bebê para dormir de barriga para cima, posicione sua cabeça levemente voltada para um lado, depois para o outro, alternando o apoio.

– Evite o uso exagerado do bebê-conforto. Este equipamento foi desenvolvido para ser usado no carro e seu uso deve se restringir a isso. Deixar o bebê por horas no bebê-conforto certamente levará a um apoio excessivo na região de trás da cabeça, achatando-a.

– Coloque o bebê de barriga para baixo por alguns períodos quando estiver acordado e sob supervisão. É o que os médicos chamam de “Tummy Time”, ou “tempo de bruços”. Nessa posição, o bebê fica livre do apoio na parte de trás da cabeça, ao mesmo tempo em que desenvolve a musculatura da nuca e do ombro.

– Se o bebê tem uma preferência exagerada de virar a cabeça sempre para o mesmo lado ou tem até uma limitação para virar para o lado oposto, pode ter o chamado Torcicolo Congênito. Converse com um especialista para verificar se não há necessidade de fazer um pouco de fisioterapia para corrigir esse torcicolo, pois está fortemente associado à plagiocefalia posicional, justamente por levar a um apoio viciado.

Além da aparência, a assimetria causa algum problema de saúde?
O bebê pode desenvolver alguns problemas funcionais decorrentes da torção da estrutura óssea do crânio e do rosto. Isso porque todas as estruturas e órgãos ligados a ela, como os olhos, a dentição, os condutos auditivos, podem ser afetados em maior ou menor grau, acarretando problemas futuros. Não se trata, portanto, apenas de uma questão estética.

Como funciona o tratamento?
Primeiro é feito um reposicionamento, que na prática nada mais é do que posicionar o bebê pelo máximo tempo possível de forma a apoiar do lado que está proeminente e evitar o apoio do lado que está achatado. Isso vale para a posição de dormir, segurar no colo, cadeirinhas, etc. O objetivo dessas manobras é de inverter o mecanismo que levou à assimetria, promovendo uma lenta melhora. “O problema é que, à medida que o bebê vai crescendo, ele fica mais forte e habilidoso, tornando o reposicionamento progressivamente mais difícil e menos eficaz. É aí que entra o tratamento ortótico, uma espécie de capacetinho feito rigorosamente sob medida que funciona como um molde para direcionar o crescimento de volta à normalidade. A parte proeminente fica constantemente apoiada no capacete, enquanto a parte achatada fica livre para crescer, mesmo quando o bebê insiste em apoiar a cabeça nessa região”, explica Gerd. Esse tratamento com capacete deve ser feito em clínica especializada e dura entre três e quatro meses, período em que o bebê só tira o “acessório” na hora de tomar banho, mas não é preciso mudar em nada a sua rotina ou a da mãe.

Até quantos meses é possível fazer o tratamento com sucesso?
Só é possível corrigir o formato craniano durante a fase de crescimento rápido do crânio, ou seja, até os 18 meses de vida.