A história da humanidade sempre foi ligada a busca por deixar descendentes. Os egípcios já estudavam os mecanismos da reprodução humana desde 1.900 a.C. Os gregos antigos foram os primeiros a relacionar hábitos saudáveis e alimentação com fertilidade. Em 1785, o médico escocês John Hunter realizou as primeiras tentativas de inseminação artificial humana com sucesso. Já no século XX, a obtenção de óvulos de uma mulher se tornou realidade e, em 1958, puderam estimular controladamente os ovários utilizando medicamentos. Em 1973, tivemos a primeira gravidez por fertilização in vitro (FIV), mas a gestação durou poucas semanas.
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E foi só em 25 de julho de 1978 que nasceu Louise Brown, conhecida como a primeira “bebê de proveta” do mundo. E esse acontecimento, claro, foi um marco na história e também o início da Reprodução Humana Assistida que conhecemos hoje. Mas o que mudou nesse período relativamente curto?
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Aqui temos uma breve lista dos principais avanços e conquistas da ciência na busca da sonhada gravidez:
- 1978: nascimento do primeiro bebê concebido em laboratório pela técnica de FIV, que consistiu em colocar o óvulo captado da mãe em contato com os espermatozoides do pai, esperar a fecundação dos gametas fecundação e realizar a reimplantação no útero materno.
- 1980: médicos e cientistas se esforçavam na busca por protocolos mais efetivos para a estimulação ovariana e obtenção de uma maior quantidade de óvulos maduros e saudáveis.
- 1983: primeiro nascimento após congelamento e descongelamento de embriões. No mesmo ano, houve o nascimento de um bebe resultado da fecundação de óvulos doados.
- 1989: O geneticista americano Alan Handyside realizou os primeiros testes em embriões obtidos em laboratório, para diagnosticar doenças genéticas.
- 1992: A “injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide” (ICSI) foi um avanço que revolucionou a Reprodução Assistida. A partir de então, foi possível selecionar um espermatozoide viável e coloca-lo dentro do óvulo maduro.
- 2000: Novos protocolos melhoraram muito o processo de congelamento de gametas femininos e embriões. A chamada “vitrificação” é um congelamento ultrarrápido , onde se aumenta significativamente as taxas de sobrevivência na desvitrificação (descongelamento), alcançando números bem próximos aos 100%.
Cenário da reprodução assistida atualmente
- Exames diagnosticam de problemas cromossômicos nos embriões (PGT-A), aumentam as chances de sucesso e diminuem drasticamente os abortos espontâneos.
- Os contínuos estudos do desenvolvimento embrionário in vitro possibilitam melhores taxas de sucesso após a transferência para o útero materno, resultando em gravidez.
- O congelamento de óvulos ainda jovens, se mostra como uma saída para quem deseja postergar a maternidade.
- A ovodoação possibilita que mulheres com problemas na produção de óvulos de boa qualidade tenham filhos. E é uma aliada das que já passaram dos 35 anos, quase eliminando o fator “idade” como problema para alcançar a gravidez.
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Muitas foram as descobertas e avanços nas últimas décadas, e os desafios da ciência daqui para frente será combater ou retardar o envelhecimento ovariano e a aumentar a vida reprodutiva das mulheres. Muitas pesquisas estão sendo realizadas em várias partes do mundo para tentar chegar nesses objetivos. A nós, resta torcer para que as evoluções continuem acontecendo e beneficiando tantos casais que precisam de ajuda para gerar seus bebês.
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Michelli Montaño, consultora de fertilidade, bióloga geneticista. Membro da European Society of Human Reproduction and Embryology. Mãe da Isabel e Elena. Autora da página Famílias In Vitro, no Instagram