Esse é o termo da moda na ciência atual, e mesmo que você não saiba exatamente o que essa palavra significa, é bem provável que já tenha ouvido sobre ela. Mas o que isso quer dizer e o que impacta na sua vida? No início dos anos 2000, houve um “boom” da genética, e os especialistas tiveram muito mais conhecimento sobre esse assunto num espaço de tempo muito curto, começando a entender melhor o impacto dos genes e da hereditariedade. O sequenciamento do genoma humano era visto como chave para a cura de doenças genéticas e câncer, por exemplo. Mas a verdade é que, como tudo na ciência, uma grande descoberta traz mais questionamentos que respostas. Isso porque à princípio se acreditava que os genes eram responsáveis por praticamente tudo na vida de uma pessoa – quase um Karma- e se iniciou a busca para gene da violência, da felicidade e até da homossexualidade… Uma loucura!
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Muito além da genética
Depois, nós cientistas, descobrimos que, na verdade, o ambiente molda o ser humano, e a vivência é tão (ou mais) importante quanto o conteúdo do seu DNA. E é isso que chamamos de epigenética. O prefixo “epi” vem do grego, e significa “sobre, por cima de…” Por definição, a epigenética é “um conjunto de mecanismos bioquímicos complexos que alteram o funcionamento das células e até traços de hereditariedade sem mexer diretamente no DNA.”
“Traduzindo”: a epigenética explica porque NÃO é apenas pelo fato de ter ou não um gene, que determinada característica (ou doença) será obrigatoriamente observada. Alimentação e estilo de vida por exemplo, são capazes de “silenciar” ou “ativar” muitos genes. Isso quer dizer que a alimentação e o estilo de vida (sedentarismo, estresse, qualidade do sono) têm influência para “silenciar” ou “ativar” muitos genes, e isso vale até para as próximas gerações, que podem sofrer a influência da epigenética. Ou seja: pode ser que hábitos de seus avós, por exemplo, tenham impacto na sua vida até hoje, não pela questão do DNA, mas sim dos hábitos que eles tinham!
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E é também por isso que em casos de ovodoação, por exemplo, a criança costuma nascer tão parecida com a mãe, mesmo não vindo do seu óvulo. Uma mulher diabética, por exemplo, pode ter recebido um óvulo de doadora saudável, sem casos de diabetes na família, mas a criança pode nascer com o problema. O mesmo pode acontecer com casos de obesidade, entre tantos outros exemplos. E isso mostra o poder que os nossos hábitos têm em relação à formação do bebê que carregamos. Então, para o casal que busca a gravidez, os cuidados com a saúde e os hábitos saudáveis devem começar muito antes da concepção, influenciando a formação dos gametas e se estendendo por toda a gestação. E vale lembrar que 50% dos genes do futuro embrião vem do espermatozoide. Então, cabe também ao homem ter hábitos saudáveis, que vão interferir na formação do futuro bebê!
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Michelli Montaño, consultora de fertilidade, bióloga geneticista. Membro da European Society of Human Reproduction and Embryology. Mãe da Isabel e Elena. Autora da página Famílias In Vitro, no Instagram