Responda com sinceridade: você acha que cobra muito ou pouco do seu filho (a)? Muito antes de nossos filhos nascerem nossa imaginação dá a luz muitas expectativas: menino ou menina? careca ou cabeludo? parecido com o papai ou com a mamãe? calminho ou agitado? E assim que o bebê nasce as expectativas só aumentam: está mamando o suficiente? Quando vai dormir bem? Quando vai começar a andar? O filho da vizinha da mesma idade já está falando e meu bebê ainda não! Ah, as comparações…

Antes que você pense que vou falar para você diminuir essas expectativas e deixar rolar, o que vou fazer é explicar que, primeiramente, ter expectativas é inevitável, fundamental e importantíssimo. São elas que vão moldar a forma como você o trata e quais os tipos de oportunidades de desenvolvimento e estímulo você vai oferecer. Resultado? Impacto indireto em como seu filho vai se desenvolver.

Vamos fazer o seguinte exercício para entender melhor essa história: se você tem um bebê de 5 meses e espera que ele seja um neném, você vai carregar para cima e para baixo no colo, deitado e deixar sempre no berço ou carrinho. Se por outro lado você espera que ele comece a firmar os músculos e postura você vai proporcionar brinquedinhos ao alcance e um tempo de chão ou tapetinho, vai ajudá-lo a se sentar com apoio para ele experimentar outras posições e posturas e vai carregar mais em pé. Isso tudo vai influenciar diretamente no desenvolvimento dele.

Qual o perigo das expectativas? O problema ocorre justamente quando a gente espera muito ou pouco demais dos nossos filhos.

Quando a gente espera um comportamento ou um desempenho muito além do que eles são capazes, a tendência é que se sintam pressionados, o que vai gerar estresse, frustração e pode culminar num comportamento derrotista, do tipo “não vou nem tentar porque cansei de não conseguir”.

Quando a situação é oposta e subestimamos as capacidades dos nossos filhos eles vão se sentir desestimulados. Como consequência, terão menos oportunidades de se desenvolver, uma vez que a nossa expectativa molda as situações e oportunidades que iremos oferecer.

O filho do vizinho parece mais inteligente que o meu. E vice-versa

Que mãe nunca se pegou comparando seu filhos com o de outras crianças próximas? Comparar faz parte da nossa natureza, no entanto esse não é o melhor caminho. Na verdade é uma injustiça, uma vez que todas as crianças são diferentes e devem ser apreciadas por sua individualidade. Evitar esse tipo de comparação vai te ajudar a apreciar o seu filho por quem ele é. Além de ajuda-lo a se sentir aceito.

Como ajustar as expectativas?

Você tem que ter em mente aonde seu filho estava, aonde ele está agora e aonde vc acredita que ele tem condições de chegar. E se fazer as seguintes perguntas:

-Ele está evoluindo ou está estagnado?

-O desenvolvimento dele está dentro do esperado para as condições dele?

-E por fim, que tipo de experiências, oportunidades, estímulos, material, situações, terapias ele precisa para se desenvolver a ponto de atingir o potencial dele?

Fazendo isso você também aprende a ser parceira e entusiasta do seu filho nesse processo. E vai te ajudar a ter uma expectativa bem ajustada. E vale dizer aqui que seu filho não veio ao mundo para atingir as suas expectativas, mas ele tem o potencial de realizar e galgar grandes coisas com o seu apoio e incentivo. O quanto antes você entender isso melhor vai ser a relação de vocês.

Acredite: as crianças buscam ser aceitas. É muito importante a gente acreditar no potencial dos nossos filhos sem impor as nossas expectativas, a ponto deles se sentirem apreciados, valorizados, incentivados, estimulados e desafiados. Sempre na medida certa. Mas lembre-se: elogios além da conta ou mentirosos, ditos apenas para fazê-lo se sentirem bem, certamente não produzirão bons resultados.

Juliana Trentini, mãe e fonoaudióloga, do Canal Fala Fono. Sua missão é ajudar outras mães a turbinarem o desenvolvimento dos seus filhos através da melhora na comunicação.