A criança muito pequena mostra certa recusa para o início da vida escolar. E não é difícil entender porque isto acontece: a separação pais-bebê, mais conhecida como ansiedade de separação, que é o medo de ficar sem eles e o medo do abandono. Além disso, há uma dificuldade de adaptação devido a escola ser um novo ambiente, portanto desconhecido, onde pode sentir-se exposta e vulnerável.
Como ajudar seu filho (e até você mesma) nessa fase:
Especialmente quando é a primeira vez que a criança vai à escola é sempre muito importante fazer com calma uma adaptação cuidadosa junto à escola, mantendo-se aberta para conversar e oferecer continência e apoio à criança.
– É importante que os professores não o tratem diferente na frente dos outros alunos e que compreendam esse momento.
– A escola será um novo ambiente de socialização e os pais devem procurar vivenciar essa fase como importante e necessária, pois muitas vezes, percebemos que os pais sentem-se culpados ou muito tristes por colocarem as crianças nas escolas, e elas, com certeza, são capazes de sentir e perceber tais sentimentos, o que pode também atrapalhar na adaptação escolar.
– A confiança e segurança na escola são essenciais, para isso é necessário conhecer o processo pedagógico, os ambientes e atividades que a escola fornece, os professores e a coordenação. Lá é o lugar em que seu filho passará grande parte do dia, lugar em que muitas de suas habilidades, recursos, potenciais e competências serão desenvolvidos, por isso os pais devem estar tranquilos quanto a escolha da escola, pois assim, serão capazes de transmitir maior tranquilidade e confiança.
– Converse com seu filho e conte a ele como é uma escola, o que fará e encontrará la. De início, pode tudo parecer muito amedrontador, pois é muito desconhecido, por isso, leve-o para conhecer os profissionais e o ambiente, fique com ele lá por algumas horas, e com o tempo vá aumentando o período dele de permanência na escola e encurtando o seu como mãe acompanhante.
– Procure não se atrasar quando for buscar a criança e se por ventura precisar demorar um pouco, ligue para a escola e peça para avisá-lo ou para colocar ele ao telefone, para que possa escutar a sua voz e suas explicações. Se combinar algo com ele, com relação a horário, por exemplo, cumpra, caso não possa cumprir não faça tais combinados.
– Dependendo da criança, ela pode nas primeiras semanas levar consigo um objeto (brinquedo, paninho) que transmita segurança, o objeto, no caso funcionaria simbolicamente como um pedacinho da casa ou da mãe, o que traz segurança e diminui ansiedade da criança.
– Tenha apoio de seu companheiro e da família para esse processo, pois muitas vezes ele tende a ser mais doloroso para a mãe que para o bebê. Dessa maneira, uma auto avaliação é muito necessária, visto que os bebês captam tudo o que sentimos sem ter consciência, mesmo tentando esconder deles as emoções.
– Se estiver muito sofrido, converse com outras mães que também passaram por esse processo e se necessário, busque ajuda de um profissional para um acolhimento e orientação, pois às vezes pode ter relação com conflitos anteriores e inconscientes.
– Antes da criança começar a escola fique alguns momentos sem ela, deixando-a longe de seu olhar. Você pode ir à padaria, academia, supermercado rapidamente para já ir acostumando tanto a criança como você mesma.
Luciana Romano e Raquel Benazzi são psicólogas formadas pela Universidade Mackenzie, e integram o Núcleo Corujas. Elas têm experiência no trabalho com gestantes, psicoterapia de luto e trabalho de defesa da mulher.